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Eleições nos EUA: quem é melhor para os mercados, Biden ou Trump? Economista analisa

Publicado 14.11.2023, 13:21
© Reuters
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Investing.com - Faltando menos de um ano para as eleições nos Estados Unidos, a disputa entre o presidente Joe Biden e o republicano Donald Trump já está em curso, com potencial de influenciar os mercados.

“Embora nada seja garantido na política, um segundo confronto entre Biden e Trump parece quase certo”, segundo George Brown, economista da Schroders (LON:SDR), que analisa os dois candidatos.

Biden, popularidade em baixa

“Biden tem motivos para ser otimista sobre suas chances de reeleição. Além da vantagem do cargo, ele comanda uma economia forte, um mercado de trabalho aquecido e uma inflação em queda. Até mesmo o recente conflito em Israel pode lhe render apoio, já que as tensões geopolíticas costumam gerar um efeito de ‘rally em torno da bandeira’. No entanto, sua popularidade está perto do nível mais baixo de seu mandato e é inferior à de muitos de seus antecessores nesta fase do primeiro mandato. Em parte, isso se deve ao fato de que a imigração subiu na lista de preocupações dos eleitores. Além disso, pesquisas mostram que os eleitores têm reservas sobre sua idade”.

No entanto, Brown complementa que “Biden não é impopular nem polarizador como Trump. Isso significa que os eleitores moderados e independentes podem apoiar Biden, mesmo que relutantemente. Ele também pode se beneficiar da candidatura independente de Robert F. Kennedy Jr., que poderia atrair alguns dos votos anti-establishment que, de outra forma, iriam para Trump”. Por esses motivos, segundo o economista, é prematuro descartar a possibilidade de que Biden mantenha a presidência.

“No caso de sua reeleição, Biden pode tentar retomar seu programa legislativo original. Em 2021, suas propostas iniciais de Build Back Better incluíam 3,5 trilhões de dólares em gastos com programas ambientais e sociais, mais de 10% do PIB. O plano foi posteriormente reduzido para se tornar o Inflation Reduction Act, que, com 437 bilhões de estímulos, representa apenas um oitavo das propostas iniciais”.

Tal previsão de gastos, observa o especialista, “pode alimentar crescentes preocupações sobre a sustentabilidade fiscal, empurrando os rendimentos dos Treasuries ainda mais para cima. Os investidores também devem estar cientes de que Biden pode buscar aumentar as alíquotas máximas de impostos sobre corporações, renda e ganhos de capital, bem como intensificar a regulamentação em setores como bancos e saúde. Isso pode criar alguma pressão sobre alguns setores de ações”.

Trump pode voltar à presidência dos EUA?

O magnata tem chances de ser o candidato republicano e, se for, pode levar a melhor nas urnas. Mas suas batalhas judiciais podem atrapalhar sua campanha, que depende muito de sua influência nas redes sociais.

“Trump não tem um plano claro para um possível segundo mandato. Segundo o site PolitiFact, ele cumpriu apenas um quarto das promessas que fez em 2016 e descumpriu mais da metade”, esclarece Brown. “Entre as propostas que ele apresentou este ano, estão: anular os impostos criados por Biden, controlar a inflação e acabar com a ‘guerra’ de Biden contra a energia nacional”.

Para Brown, “um novo governo Trump seria marcado pela incerteza”. Por isso, ele recomenda que “os investidores se preparem para a volatilidade, que pode favorecer os ativos mais seguros, como os títulos do governo e o ouro”.

O desempenho dos mercados: Biden x Trump 

Como é difícil prever como os ativos se comportariam em um segundo mandato de Biden ou Trump, Brown compara os resultados dos mercados durante seus primeiros mandatos. “Com uma carteira 60/30/10, Trump teve um retorno total de 35%, similar ao de outros presidentes desde os anos 70. Biden, por sua vez, teve apenas 8,5%. E seria ainda menor se não fosse pelo desempenho das sete gigantes de tecnologia”.

Mas ele alerta: “Os investidores que esperam que um segundo mandato de Trump traga mais lucros podem se frustrar”. A análise da Schroders mostra que “os retornos nominais dos presidentes anteriores foram menores em todas as principais classes de ativos, exceto nos treasuries de 10 anos. Mas há pontos positivos. A inflação costuma ser mais baixa nos segundos mandatos, excluindo os períodos de Carter e Reagan. Além disso, o PIB costuma ser mais alto e o desemprego mais baixo do que nos primeiros mandatos”.

No entanto, ele ressalta que o desempenho dos mercados também foi influenciado por fatores externos ao presidente, como as crises energéticas dos anos 70, a crise financeira de 2007-2008 ou a pandemia de covid e seus efeitos, que afetaram os governos de Biden e Trump.

O impasse político pode beneficiar os investidores Uma situação de equilíbrio no Congresso pode abrir oportunidades interessantes para os investidores. “Governos divididos têm que negociar, o que evita os extremos de cada partido, oferecendo um cenário mais estável”, explica o especialista. “Desde as eleições de 1948, as ações dos EUA tiveram um retorno médio de 14,3% com um Congresso dividido, contra 13% com um Congresso unificado. Essa diferença é maior se considerarmos o partido do presidente: democratas tiveram ganhos de 18,8% com um Congresso dividido, contra 12% dos republicanos”.

Em suma, Brown avalia: “ainda há muito a se definir até as eleições do ano que vem, mas o fato de a disputa ser acirrada deve ser uma boa notícia para os investidores”.

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