Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com – A ata da última reunião do Federal Reserve alimenta as expectativas de que o Banco Central americano provavelmente aumentará as taxas de juros em sua reunião de julho. Além disso, a Meta lança sua nova plataforma de mídia social Threads, enquanto o executivo-chefe Mark Zuckerberg mira no Twitter de Elon Musk, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, vai à China em uma tentativa de aliviar as tensões entre Washington e Pequim. No Brasil, expectativa para votação da Reforma Tributária.
1. Mais aumentos de taxas à frente? Futuros dos EUA em queda
A campanha de aperto da política do Federal Reserve pode ter sido interrompida no mês passado, mas, se a ata da reunião de junho da autoridade monetária for uma indicação, ela pode estar prestes a ser retomada em breve.
Os formuladores de políticas apoiaram amplamente a iniciativa de manter os custos dos empréstimos temporariamente estáveis, segundo a ata divulgadas na quarta-feira. A decisão encerrou uma série de aumentos das taxas de juros em dez reuniões consecutivas, um ciclo sem precedentes provocado pelo desejo do Fed de esfriar a inflação em alta.
As autoridades julgaram que a interrupção era apropriada para dar-lhes mais tempo para avaliar como o aumento das taxas - o mais agressivo desde o início da década de 1980 - estava impactando a atividade econômica em geral.
Entretanto, "quase todos" observaram que provavelmente serão necessários novos aumentos nas taxas, embora em um ritmo mais lento do que a recente série de aumentos que durou um ano. A inflação, acrescentaram, continua "inaceitavelmente alta".
Após a divulgação da ata, os investidores concordaram, em sua maioria, que o Fed aumentará as taxas em mais um quarto de ponto em sua próxima reunião, no final deste mês. De acordo com o site Ferramenta de monitoramento da taxa do Fed da Investing.com, a possibilidade desse aumento é de mais de 90%.
Os futuros das ações dos EUA apontaram para uma queda nesta quinta-feira, com os investidores digerindo a ata da última reunião do Federal Reserve, que sugeriu que alguns formuladores de políticas podem ser a favor de novos aumentos nas taxas de juros.
Às 8h (de Brasília), o contrato Dow futuros perdia 0,39%, o S&P 500 futuros recuava 0,45% e o Nasdaq 100 futuros caía 0,43%.
Os principais índices de Wall Street registraram quedas modestas na quarta-feira, em seu retorno do feriado de 4 de julho. O índice de base ampla Dow Jones Industrial Average caiu 0,38%, enquanto o índice de referência S&P 500 caiu 0,20% e o índice de alta tecnologia Nasdaq Composite caiu 0,18%.
As negociações do segundo semestre começaram no início desta semana. Os mercados acionários dos EUA tiveram um forte desempenho nos primeiros seis meses do ano, graças, em parte, ao entusiasmo com os desenvolvimentos em inteligência artificial, que ajudaram a mitigar os temores sobre as perspectivas da economia global.
2. Threads entra no páreo
A Meta (NASDAQ:META), proprietária do Facebook, apresentou oficialmente o Threads, uma plataforma de mídia social para publicações de textos curtos que é amplamente vista como concorrente do Twitter de Elon Musk.
Em suas primeiras sete horas, o Threads, que pode ser acessado por meio do popular aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram da Meta, obteve cerca de 10 milhões de inscrições, de acordo com o executivo-chefe Mark Zuckerberg. Entre eles estavam celebridades como Jennifer Lopez e Kim Kardashian e políticos declarados, como a representante democrata dos EUA Alexandria Ocasio-Cortez.
A tendência da Meta de lançar serviços imitadores significa que permanece o ceticismo sobre se o Threads, apresentado por Zuckerberg como uma alternativa "amigável" ao Twitter, será um sucesso. Dito isso, as ações da Meta subiram quase 3% na quarta-feira.
No pano de fundo do lançamento está a rivalidade contínua entre Zuckerberg e Musk. Os bilionários trocaram farpas durante meses, chegando a sugerir que poderiam resolver suas diferenças em uma luta em uma jaula.
Mas a batalha a que os investidores provavelmente estarão atentos é a tentativa da Threads de desviar os usuários do Twitter insatisfeitos com a forma como Musk administra o site.
3. Dados de emprego nos EUA
O restante da reduzida semana de negociações deverá apresentar a divulgação dos principais dados do mercado de trabalho, começando com folhas de pagamento privadas para junho e pedidos iniciais de auxílio-desemprego ainda hoje.
Os economistas estimam que o relatório ADP National Employment mostrará que as folhas de pagamento privadas aumentaram em 228.000 no mês passado, o que seria um aumento mais lento do que os 278.000 registrados em maio. Enquanto isso, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego semanais devem aumentar para 245.000.
Mas o principal evento será a publicação do relatório de empregos do Departamento do Trabalho, mais abrangente e monitorado de perto, para junho, na sexta-feira. Espera-se que a economia dos EUA tenha criado 225.000 empregos durante o mês, abaixo dos 339.000 registrados em maio.
4. Yellen visita a China
A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, iniciará uma visita de quatro dias à China na quinta-feira, em uma tentativa de descongelar as relações recentemente geladas entre Washington e Pequim.
No início desta semana, a mais recente onda de tensões em andamento viu a China implementar controles de exportação sobre os principais materiais de fabricação de chips. Autoridades chinesas disseram que a medida visava proteger a "segurança e os interesses nacionais".
As restrições à exportação de semicondutores se tornaram um ponto crítico na rivalidade, com os dois lados tentando impedir o desenvolvimento de setores de alta tecnologia do outro. No entanto, outras divergências, especialmente sobre as relações com Taiwan, ameaçam abalar uma relação comercial e de investimentos que já dura décadas.
O Departamento do Tesouro afirma que Yellen se reunirá com altos funcionários do governo chinês durante sua viagem, embora permaneçam baixas as expectativas de que essas discussões resultem em uma correção significativa dos laços desgastados.
5. Votação da Reforma Tributária brasileira
Com a leitura do parecer preliminar sobre a Reforma Tributária na sessão do plenário de ontem na Câmara, o relator da reforma tributária (PEC 45/19), deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que a proposta passa a incluir isenção da cesta básica, visando “acabar com a desinformação” e “para que ninguém diga que vamos pesar a mão sobre os mais pobres". Nesta quinta, 06, a discussão da proposta inicia às 11 horas, com votação da matéria a partir das 18 horas.
O texto ainda deve ser aprimorado a partir das últimas negociação com prefeitos, incluindo pontos fora de consenso como atuação do Conselho Federativo, critérios de distribuição do Fundo de Desenvolvimento Regional, a distribuição automática aos municípios da parte do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e pontos relativos à Zona Franca de Manaus.
Em entrevista ao Investing.com Brasil, Adriana Dupita, economista sênior da Bloomberg Economics, acredita que a falta de consenso às vésperas da votação não surpreende devido aos interesses conflitantes em pauta. “A reforma sempre foi urgente, fundamental. Só que para cortar imposto para quem hoje paga mais, significa que vai subir para quem paga pouco. E então, é natural que a repercussão que está acontecendo”, avalia.
“Estou levemente confiante de que a reforma tributária vai ter algum avanço. Pode até não ser nessa semana e certamente não vai ser a reforma dos meus sonhos. Mas alguma reforma hoje é melhor do que nenhuma reforma”, completa.
Às 8h (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,19% no pré-mercado.
Como dolarizar a carteira, quais as principais formas e cuidados hora de investir no exterior ou em ativos expostos à moeda? Quais as oportunidades mais indicadas no momento? Essas e outras perguntas são os pontos de discussão em mais um episódio Estratégia de Carteira.
Confira o novo episódio do Podcast Estratégia de Carteira, disponível no Deezer, Spotify, Google e Apple Podcasts. Siga o Investing.com Brasil na sua plataforma de áudio preferida!