Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com – Os futuros das ações dos EUA recuavam nesta sexta-feira antes da abertura das bolsas em Nova York, com os investidores avaliando uma perspectiva de receita decepcionante da fabricante de chips Intel e aguardando novos dados sobre a inflação no país. A Visa prevê uma desaceleração no crescimento da receita em seu trimestre atual, devido, em parte, à recente onda de frio em grande parte dos EUA, o que afetou os gastos dos consumidores. A Inflação segue em foco no Brasil, com divulgação da prévia de janeiro.
1. Intel decepciona com projeção de receita fraca
A Intel (NASDAQ:INTC) frustrou os investidores com uma projeção de receita abaixo das expectativas para o primeiro trimestre, afetando o ânimo dos mercados na última sessão da semana.
A empresa de semicondutores estimou uma receita entre US$ 12,2 bilhões e US$ 13,2 bilhões para o trimestre atual, enquanto os analistas esperavam US$ 14,5 bilhões, segundo dados da LSEG compilados pela Reuters. O lucro ajustado por ação também ficou aquém das previsões, em US$ 0,13, contra US$ 0,33 esperados.
As ações da companhia californiana recuaram no pregão eletrônico dos EUA na sexta-feira.
Em uma conferência com analistas após a divulgação dos resultados, o CEO, Pat Gelsinger, atribuiu a projeção fraca a "desafios pontuais" em sua divisão de chips para automóveis Mobileye e em sua unidade de soluções programáveis, que estão "pesando sobre a receita total". O segmento principal da Intel - a fabricação de chips para PCs e servidores convencionais - também enfrenta pressões sazonais de demanda, disse Gelsinger.
Além disso, os investimentos elevados, especialmente em tecnologias de inteligência artificial, ao longo do ano passado, reduziram a margem bruta da Intel. "Os investidores estão começando a pagar a conta dos investimentos massivos em IA do ano passado, e essa é uma mensagem clara para a temporada de balanços que se aproxima", afirmou Thomas Monteiro, analista sênior do Investing.com.
Os contratos futuros de ações dos EUA caíam na sexta-feira, indicando uma possível correção das ações após uma semana de altas.
Às 7h52 (horário de Brasília), o contrato Dow futuros recuava 0,15%, o S&P 500 futuros perdia 0,16%, e o Nasdaq 100 futuros cedia 0,57%.
Os principais índices de Wall Street avançaram na quinta-feira, impulsionados por um dado preliminar mais forte do que o esperado do crescimento econômico dos EUA no quarto trimestre. Os números reforçaram as esperanças de que a maior economia do mundo esteja em uma trajetória de recuperação sustentável, sem provocar um surto inflacionário que exija uma redução abrupta dos estímulos.
O índice S&P 500 registrou seu quinto recorde seguido de fechamento, subindo 0,5%, enquanto o índice Nasdaq Composite, de forte peso tecnológico, cresceu 0,2% e o índice Dow Jones Industrial Average, composto por 30 ações, subiu 0,6%.
Contrariando o sentimento positivo, a gigante dos carros elétricos Tesla (NASDAQ:TSLA) despencou 12,1% depois de alertar que as vendas cresceriam em um ritmo "significativamente menor" este ano.
2. Visa vê desaceleração no crescimento da receita
As ações da Visa (NYSE:V) operavam em queda no pré-mercado na sexta-feira, após uma projeção fraca sobre as vendas do segundo trimestre do maior processador de pagamentos do mundo.
A empresa projetou um aumento na "faixa alta de um dígito" na receita líquida durante o trimestre atual - o que representa uma desaceleração em relação ao crescimento de 11% registrado no mesmo período de 2023.
Em conversa com analistas, o diretor financeiro Chris Suh disse que o crescimento foi afetado especialmente na primeira semana de janeiro devido a um período de frio intenso em muitas regiões dos EUA. No entanto, Suh acrescentou que o efeito desse evento provavelmente será "atenuado" ao longo do trimestre.
Nos três meses encerrados em 31 de dezembro, a Visa ainda reportou um lucro ajustado por ação de US$ 2,41, acima do consenso do mercado, graças, em grande parte, aos gastos robustos no varejo durante a principal temporada de compras entre o Dia de Ação de Graças e a Cyber Monday.
A rival da Visa, American Express (NYSE:AXP), deve divulgar seus últimos resultados na sexta-feira, juntamente com o grupo de produtos de consumo Colgate-Palmolive (NYSE:CL) e a empresa de transportes Norfolk Southern (NYSE:NSC).
3. Dados de inflação nos EUA no radar
O núcleo da inflação dos EUA deve ter avançado 0,2% em dezembro, na comparação mensal, uma taxa que, segundo muitos economistas, poderia ajudar a inflação a convergir para a meta do Federal Reserve.
O índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), considerado a medida de inflação favorita do Fed, deve ter registrado alta de 2,6% em dezembro, na comparação anual, mantendo o mesmo ritmo de novembro.
O núcleo do PCE, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, também deve ter desacelerado de 3,2% em novembro para 3,0% em dezembro, na base anual. Esse indicador pode sinalizar que os aumentos de preços estão perdendo força em direção à meta de 2% do banco central.
A inflação mais baixa pode ter estimulado os americanos a gastarem mais durante as festas de fim de ano. O consumo pessoal, que responde por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, deve ter crescido 0,4%, acelerando em relação aos 0,2% do mês anterior.
Junto com os dados robustos do produto interno bruto de quinta-feira, os números podem influenciar a forma como o Fed encara a possibilidade de cortar as taxas de juros, que estão em patamares elevados há mais de duas décadas. No final do ano passado, esperava-se que o Fed reduzisse os juros já em março, mas a inflação mais fraca e o crescimento sólido adiaram essas expectativas.
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4. Petróleo recua, mas caminha para ganhos semanais
Os preços do petróleo recuavam na sexta-feira pela manhã, devolvendo parte dos fortes ganhos da sessão anterior, mas ainda caminhavam para uma alta semanal, após o crescimento econômico vigoroso dos EUA e sinais de estímulo da China.
Às 7h53, os contratos futuros do petróleo dos EUA operavam em queda de 0,90%, a US$ 76,66 por barril, enquanto os do Brent recuavam 0,56%, para US$ 81,97 por barril, após terem atingido os níveis mais altos desde dezembro na sessão anterior.
Os preços de referência do petróleo ainda caminhavam para o maior ganho semanal desde outubro, depois que dados de quinta-feira mostraram que a economia dos EUA se expandiu mais do que o esperado no quarto trimestre, sugerindo resiliência no maior consumidor mundial de petróleo.
Em outras regiões, a China, o segundo maior consumidor de petróleo do mundo, anunciou um corte acentuado nas reservas bancárias em uma tentativa de estimular o crescimento no início da semana, enquanto as interrupções no fornecimento de petróleo no Mar Vermelho também persistiam.
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5. Prévia da inflação de janeiro no Brasil
A prévia da inflação brasileira de janeiro medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo de meio mês, o (IPCA-15) será divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (26). Em dezembro, o IPCA-15 subiu 0,40%.
De acordo com a Warren Investimentos, que estima variação de 0,49%, levando o indicador em doze meses a 4,65%, a aceleração da inflação na leitura mensal vai ocorrer devido ao grupo alimentação.
“Os alimentos in natura justificam este movimento em razão do clima e do El Niño, que segue influenciando estes produtos e apresentam variações acima da sazonalidade para o período. Por outro lado, avião, gasolina e energia são vetores baixistas nesta divulgação”, aponta Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren.
Às 7h55 (de Brasília), o ETF EWZ recuava 0,12% no pré-mercado.
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