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Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas registavam queda nesta quinta-feira, em meio à expectativa dos investidores por novos dados de inflação nos Estados Unidos e por mais detalhes sobre a recente reaproximação comercial entre Washington e Pequim. O presidente Donald Trump indicou estar disposto a estender o adiamento das tarifas “recíprocas”, inicialmente previsto para terminar no início de julho.
Enquanto isso, o mercado aguarda a divulgação do índice de preços ao produtor (IPP) de maio nos EUA, e as ações da Oracle (NYSE:ORCL) ganham tração no pré-mercado, após a companhia revisar positivamente sua projeção de receita anual.
No Brasil, os investidores ficarão atentos a novos dados de vendas no varejo e à repercussão no Congresso da medida provisória (MP) do governo que eleva a carga tributária sobre alguns setores da economia.
1. Futuros em leve retração
Os índices futuros norte-americanos operavam em baixa, refletindo a leitura moderada do índice de preços ao consumidor divulgada na véspera, além da reavaliação das perspectivas para o comércio global.
Às 07h37 (horário de Brasília), os contratos futuros do Dow Jones recuavam 280 pontos (-0,66%), os do S&P 500 caíam 32 pontos (-0,54%) e os do Nasdaq 100 perdiam 119 pontos (-0,55%).
Na sessão anterior, tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq encerraram o dia em queda, enquanto o Dow Jones Industrial Average permaneceu estável. A desaceleração no índice de preços ao consumidor de maio foi recebida com ceticismo, pois os investidores seguem atentos à possível reintrodução de tarifas amplas pelo governo Trump.
Além disso, os mercados monitoram com reservas o avanço de um novo acordo entre Washington e Pequim. Apesar de classificado como “excelente” por Trump, analistas destacam a ausência de cláusulas específicas, mantendo vivo o risco de deterioração nas relações bilaterais.
O sentimento também foi afetado por reportagens apontando que os EUA estariam preparando a evacuação parcial de sua embaixada no Irã. Autoridades iranianas alertaram que retaliações contra bases norte-americanas podem ocorrer, caso as negociações nucleares não avancem.
2. Trump e as negociações comerciais
Trump manifestou disposição para ampliar o adiamento das tarifas mais agressivas impostas a diversos países, afirmando que há tratativas em curso com pelo menos 15 nações.
Durante evento no Kennedy Center, o presidente afirmou que a Casa Branca tem obtido bons resultados em termos de negociações e que vários países demonstraram interesse em firmar novos acordos com os EUA.
Apesar disso, ressaltou que não considera essencial estender o adiamento além do prazo atual. Trump afirmou ainda que pretende enviar, nas próximas semanas, cartas com os termos comerciais propostos a dezenas de países, exigindo posicionamento claro sobre a adesão às condições estabelecidas.
A suspensão das tarifas foi iniciada em abril, oferecendo uma janela de 90 dias para o avanço das negociações. Até agora, apenas o Reino Unido fechou um acordo definitivo com os EUA; outros 17 estão em estágio de negociação.
3. Expectativas para o IPP
O foco dos investidores se volta agora para o índice de preços ao produtor de maio, que será divulgado ainda hoje. O dado é monitorado de perto como termômetro das pressões inflacionárias na cadeia de produção.
Projeções de mercado apontam para uma alta mensal de 0,2%, após retração de 0,5% em abril. Na base anual, espera-se aceleração para 2,6%, ante 2,4% no mês anterior.
Em abril, os preços dos serviços no atacado caíram 0,7%, a maior baixa desde o início da série histórica, em dezembro de 2009. Segmentos como hotelaria e hospedagem lideraram as quedas, em meio à redução da atividade turística, possivelmente relacionada a medidas adotadas pelo governo desde a volta de Trump ao poder.
Componentes como tarifas aéreas, hospedagens e serviços de gestão de carteiras têm impacto direto sobre indicadores de inflação preferidos pelos membros do Federal Reserve.
Na quarta-feira, dados do Departamento do Trabalho mostraram que os preços ao consumidor subiram menos que o esperado, com o recuo nos preços dos combustíveis compensando o aumento nos custos de moradia. Apesar da leitura contida, analistas continuam atentos à possibilidade de que as tarifas comerciais resultem em pressões inflacionárias mais adiante.
4. Petróleo devolve parte dos ganhos
Os contratos futuros do petróleo recuavam nesta manhã, revertendo parte do avanço expressivo registrado na quarta-feira, enquanto os Estados Unidos autorizavam a saída voluntária de dependentes militares do Oriente Médio, em meio à escalada das tensões com o Irã.
No momento da redação, os contratos do Brent recuavam 1,3%, cotados a US$ 68,89 por barril, enquanto o WTI cedia 1,2%, negociado a US$ 67,33.
Na sessão anterior, ambos os contratos haviam subido mais de 4%, impulsionados pela percepção de avanço nas conversas comerciais entre Washington e Pequim. A retomada parcial da confiança no comércio global alimentou expectativas de retomada na demanda por petróleo, cenário que sustenta perspectivas de maior atividade econômica.
A disparada também refletiu a intensificação dos riscos geopolíticos na região do Golfo, onde investidores seguem atentos à possibilidade de bloqueios logísticos ou ataques a infraestrutura energética estratégica.
5. Aumento de impostos e vendas no varejo do Brasil
A atenção dos investidores estará voltada hoje à repercussão no Congresso da medida provisória apresentada pelo governo, em substituição a um decreto que aumentava o imposto sobre determinadas operações financeiras (IOF). Além disso, teremos novos dados sobre a economia brasileira, com o volume de vendas no setor de varejo.
O governo federal apresentou uma MP ontem para elevar a arrecadação, com foco na tributação de investimentos antes isentos, como LCIs e LCAs, e no aumento de alíquotas sobre apostas esportivas, fintechs e juros sobre capital próprio.
A medida, que visa gerar R$ 20 bilhões em 2026, também unifica a alíquota de imposto de renda sobre operações financeiras em 17,5% e endurece regras para fundos, como os de direitos creditórios.
Paralelamente, um novo decreto do IOF suavizou parte das regras anteriores, especialmente para crédito empresarial e previdência privada.
Essas iniciativas de ajuste fiscal pela arrecadação, porém, enfrentam resistência no Congresso, com críticas tanto da base quanto da oposição, que acusam o governo de comprometer o ambiente de investimentos.
No calendário econômico de hoje, teremos ainda a divulgação das vendas no setor de varejo para o mês de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No relatório anterior, referente às vendas de março, houve um crescimento no faturamento varejista de 0,8% frente a fevereiro, marcando o terceiro mês consecutivo de expansão e atingindo o maior nível da série histórica iniciada em 2000, apesar de o resultado ter ficado abaixo da expectativa de 1%.
O avanço teve como destaque setores como livros e papelaria, hipermercados e produtos farmacêuticos, enquanto combustíveis e móveis registraram retração.
No trimestre, o setor acumulou até março alta de 0,9%, mas analistas alertam para uma tendência de desaceleração ao longo do ano, devido a condições financeiras restritas.