Investing.com — Os índices futuros das Bolsas dos EUA operam estáveis nesta sexta-feira, embora Wall Street se encaminhe para encerrar a semana no campo negativo. A elevação da taxa de retorno paga pelos títulos do governo norte-americano (“treasuries”) segue como principal fator de pressão.
No cenário corporativo, a chinesa BYD (SZ:002594) superou a Tesla nas vendas de veículos elétricos na Europa pela primeira vez, e a Apple anunciou novos descontos em programas de troca na China, enquanto um possível acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia continua distante.
No Brasil, medidas de contenção de despesas do governo para cumprir meta fiscal são ofuscadas por aumento de impostos sobre operações financeiras.
1. Futuros dos EUA operam estáveis
Os futuros dos índices acionários americanos registram leve estabilidade nesta sexta-feira, após sessões de queda, refletindo o avanço dos rendimentos dos Treasuries em meio às discussões fiscais no Congresso dos EUA.
Por volta das 7h20 de Brasília, os contratos futuros do Dow Jones subiam 40 pontos, ou 0,1%, enquanto os do S&P 500 avançavam 3 pontos, também 0,1%. Já os futuros do Nasdaq 100 recuavam 3 pontos, equivalentes a 0,1%.
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Os três principais índices caminham para encerrar a semana com perdas. O S&P 500 acumula queda próxima de 2%, o Dow Jones Industrial Average recua cerca de 1,9%, e o Nasdaq Composite, mais exposto ao setor de tecnologia, projeta recuo de aproximadamente 1,5%.
O projeto de lei fiscal proposto pelo presidente Donald Trump foi aprovado na Câmara dos Representantes por margem mínima e agora segue para o Senado, onde o embate promete ser mais intenso.
Embora haja consenso entre os republicanos sobre a manutenção dos cortes de impostos implementados em 2017, persistem preocupações em relação à insuficiência das medidas para conter os gastos públicos.
De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, a proposta adicionaria US$ 3,8 trilhões à dívida federal, atualmente em US$ 36,2 trilhões.
Esses temores pressionam os yields dos Treasuries. O título de 30 anos atingiu 5,161%, maior nível desde outubro de 2023. Já o yield da nota de 10 anos superou 4,6%, refletindo o aumento da percepção de risco fiscal.
2. BYD ultrapassa Tesla na Europa; Apple aumenta descontos na China
A Tesla (NASDAQ:TSLA) sofreu mais um revés após a divulgação de que a BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos, superou a empresa americana nas vendas na Europa em abril, segundo levantamento da JATO Dynamics.
No mês, a BYD emplacou 7.231 veículos elétricos a bateria no continente, ligeiramente acima das 7.165 unidades vendidas pela Tesla.
O avanço da BYD ocorre apesar das tarifas elevadas impostas pela União Europeia sobre veículos elétricos oriundos da China desde o ano passado.
“Embora a diferença numérica seja pequena, o impacto estratégico é expressivo”, afirma Felipe Munoz, analista da JATO Dynamics. “Este é um marco para o setor automotivo europeu, especialmente considerando que a Tesla dominava esse mercado há anos, enquanto a BYD iniciou operações além da Noruega e Holanda apenas no final de 2022.”
A Tesla enfrenta uma desaceleração global nas vendas, tendo registrado em 2024 sua primeira retração anual nas entregas.
Já a Apple (NASDAQ:AAPL) anunciou novos incentivos para clientes na China, oferecendo condições mais favoráveis em programas de troca para aquisição de iPhones até 18 de junho, conforme comunicado em seu site.
A medida busca enfrentar a queda na participação de mercado da companhia no país, que recuou de 15,6% no primeiro trimestre de 2024 para 13,7% no mesmo período deste ano, levando a gigante americana à quinta posição no ranking de fabricantes de smartphones — atrás de Xiaomi (OTC:XIACF), Huawei, Oppo e Vivo.
A pressão sobre a Apple não se limita à competição local. A companhia também sofre os efeitos das tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses, que encarecem seus dispositivos. Vale destacar que mais de 90% dos iPhones são produzidos na China, que, além de ser o maior polo fabril da empresa, também representa seu maior mercado fora dos EUA.
3. Acordo comercial entre EUA e UE continua distante, diz FT
Após o otimismo gerado pelo recente acordo comercial entre Estados Unidos e China, as expectativas de avanços semelhantes entre Washington e a União Europeia seguem frustradas.
De acordo com o Financial Times, negociadores americanos pressionam a UE a reduzir unilateralmente tarifas sobre produtos dos EUA. Caso contrário, ameaçam não avançar nas negociações para evitar a imposição de novas tarifas, que podem alcançar 20%.
A publicação destaca que o bloco europeu busca estabelecer um documento de referência para nortear as tratativas, mas as divergências continuam expressivas.
Desde março, os EUA aplicam tarifas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio provenientes da UE, além de taxações de 20% sobre outros produtos desde abril. Posteriormente, reduziram temporariamente a tarifa de 20%, estipulando um prazo até 8 de julho para a conclusão de um acordo definitivo.
Em resposta, a União Europeia suspendeu provisoriamente seus planos de retaliar com tarifas sobre itens americanos e propôs eliminar as taxas sobre todos os bens industriais de ambas as partes.
4. Petróleo caminha para queda semanal
As cotações do petróleo operam em baixa nesta sexta-feira, com os contratos acumulando queda semanal, após duas semanas de valorização. O movimento reflete preocupações com um possível aumento na produção por parte da Opep+.
No momento da redação, o Brent registrava recuo de 0,7%, cotado a US$ 63,99 por barril, enquanto o WTI caía na mesma proporção, para US$ 60,80.
Na semana, os dois principais benchmarks do mercado recuam cerca de 2%, alcançando os menores níveis em mais de sete dias.
Segundo informações da Bloomberg, a Opep+ discute a possibilidade de elevar a produção em sua reunião marcada para 1º de junho. Fontes ouvidas pela agência indicam que uma das alternativas em pauta seria um aumento de 411 mil barris por dia a partir de julho, embora nenhuma decisão tenha sido formalizada.
Além disso, investidores acompanham atentamente as negociações nucleares entre Estados Unidos e Irã, que podem destravar o aumento da oferta de petróleo iraniano. A quinta rodada de discussões ocorre em Roma nesta sexta-feira.
5. Contenção de despesas e aumento de impostos no Brasil
O governo federal apresentou na quinta-feira, 22, um conjunto de medidas para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025. A equipe econômica anunciou uma contenção de R$ 31,3 bilhões no orçamento dos ministérios, além da elevação do imposto sobre determinadas operações financeiras (IOF).
Apesar da reação positiva inicial do mercado ao anúncio da contenção de gastos, o otimismo logo se reverteu com a confirmação de rumores de que haveria um aumento do IOF sobre algumas operações de câmbio, crédito e previdência privada, com expectativa inicial de gerar R$ 20,5 bilhões neste ano e R$ 41 bilhões em 2026.
Entre os ajustes inicialmente anunciados, estava a unificação da alíquota do IOF cambial em 3,5% sobre diversas modalidades, incluindo remessas de recursos ao exterior, compra de moeda em espécie, empréstimos externos de curto prazo e investimentos de fundos nacionais no exterior.
No entanto, poucas horas após o anúncio, o governo recuou em parte das medidas. Foram retiradas do pacote a cobrança de IOF sobre investimentos de fundos nacionais no exterior, que volta a ter alíquota zero, e o aumento da taxa sobre remessas para aplicações no exterior, que permanece em 1,1%.
O recuo ocorreu após a repercussão negativa no mercado, que interpretou os aumentos como uma tentativa de impor restrições à conta de capitais do país, um movimento visto como prejudicial ao fluxo de investimentos e à estabilidade cambial.
A controvérsia se agravou com declarações desencontradas entre membros do governo sobre a decisão anterior. Enquanto o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o ministro Fernando Haddad havia discutido o tema previamente com o presidente do banco central, Gabriel Galípolo, o próprio Haddad desmentiu a informação em publicação na rede social X, afirmando que as medidas não foram negociadas com a autoridade monetária.
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