Boom das criptos: quais ações do setor podem surpreender na alta?
Investing.com — Os índices futuros das ações norte-americanas operam em território negativo nesta terça-feira, enquanto participantes do mercado acompanham uma nova rodada de balanços corporativos e aguardam decisões de política monetária por parte de bancos centrais ao longo da semana.
As medidas tarifárias propostas pelo presidente Donald Trump permanecem no centro das atenções, após a Ford se abster de fazer projeções para o ano, citando o ambiente de incerteza tributária.
No Brasil, os investidores analisarão mais dados sobre o desempenho do setor privado, segundo a pesquisa com gerentes de compras da S&P Global para o mês de abril.
1. Futuros americanos em queda
Os principais índices futuros dos EUA apontavam para uma abertura em queda das bolsas em Nova York.
Por volta das 7h45 de Brasília, o Dow Jones cedia 208 pontos, ou 0,50%, o S&P 500 perdia 35 pontos, ou 0,62%, enquanto o Nasdaq 100 recuava 174 pontos, uma baixa de 0,87% no mercado futuro.
Na véspera, os índices encerraram uma sequência de nove altas consecutivas, a mais extensa em vinte anos, após o anúncio de tarifas de 100% sobre filmes estrangeiros. O setor de mídia foi duramente penalizado, com quedas relevantes nas ações da Netflix (NASDAQ:NFLX) e Walt Disney (NYSE:DIS). Ainda assim, operadores avaliam que a postura da Casa Branca pode não ser tão hostil quanto os temores iniciais sugeriam.
O índice de atividade no setor de serviços dos EUA superou as estimativas, refletindo resiliência de um segmento que representa mais de dois terços da economia americana. Em contrapartida, os custos relatados por empresas prestadoras de serviço avançaram, reforçando preocupações inflacionárias alimentadas pelo ambiente tarifário.
Em declaração recente, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que as tarifas, somadas a cortes tributários e iniciativas de desregulamentação, seriam suficientes para mitigar os choques de curto prazo nos mercados.
Entre as ações individuais, os papéis da Berkshire Hathaway (NYSE:BRKb) e (NYSE:BRKa) recuaram após o anúncio da saída de seu CEO histórico até o fim do ano.
Os investidores também acompanham atentamente a próxima decisão de juros do Federal Reserve, além das diretrizes de política monetária de diversos outros bancos centrais.
2. Ford retira guidance
A Ford Motor (NYSE:F) revisou para baixo suas estimativas para 2025, alegando incertezas provocadas pela política tarifária americana.
As ações da montadora recuaram no after market, após a divulgação do resultado trimestral.
Durante teleconferência com analistas, o CEO, Jim Farley, reconheceu que ainda é prematuro antecipar as estratégias dos concorrentes frente ao novo regime tarifário, mas observou que fabricantes com operações mais concentradas nos EUA podem se beneficiar desse cenário.
A General Motors (NYSE:GM) já havia revisado sua projeção de lucro e a Stellantis (NYSE:STLA), controladora da Jeep, também retirou seu guidance. As três formam o grupo conhecido como as “Big Three” de Detroit.
As tarifas impostas por Trump sobre automóveis e peças importadas têm como objetivo reverter a perda de empregos industriais nos EUA, embora medidas paliativas tenham sido adotadas após pressão do setor.
O lucro líquido da Ford no primeiro trimestre caiu para US$ 471 milhões, frente aos US$ 1,3 bilhão do mesmo período do ano anterior. A receita, de US$ 40,7 bilhões, superou as projeções de mercado.
3. Palantir (NASDAQ:PLTR) decepciona no balanço; DoorDash compra Deliveroo
Apesar de ter elevado sua previsão de receita anual, as ações da Palantir recuaram após o fechamento, com investidores reagindo a resultados trimestrais abaixo das expectativas elevadas.
A companhia, especializada em soluções de inteligência artificial para governos e setores estratégicos, acumulava alta superior a 60% em 2025, impulsionada pelo otimismo em relação aos gastos públicos em tecnologia de defesa.
Antes da divulgação, analistas já indicavam que o valuation elevado da ação refletia expectativas agressivas.
O lucro ajustado por ação foi de US$ 0,13, em linha com o consenso, enquanto a receita somou US$ 883,9 milhões, marginalmente acima das projeções de US$ 862,8 milhões, segundo a LSEG.
Com sede no Colorado e cofundada por Peter Thiel, a empresa agora projeta faturamento entre US$ 3,89 bilhões e US$ 3,90 bilhões, ante estimativa anterior de US$ 3,74 bilhões a US$ 3,76 bilhões.
Outros balanços relevantes do dia incluem os da fabricante de semicondutores Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) e da empresa de redes Arista Networks (NYSE:ANET).
Em outra frente, a DoorDash (NASDAQ:DASH) fechou acordo para adquirir a britânica Deliveroo (LON:ROO) por 2,9 bilhões de libras esterlinas (cerca de US$ 3,86 bilhões), em uma estratégia de ampliação de mercado e enfrentamento da concorrência internacional.
Segundo o comunicado, os acionistas da Deliveroo receberão 180 pence por ação, representando um ágio de aproximadamente 44% sobre o fechamento registrado em 4 de abril, data anterior à oferta formal.
O CEO da DoorDash, Tony Xu, destacou que a combinação permitirá atender a mais de 1 bilhão de pessoas em mais de 40 países, ampliando o suporte a negócios locais por meio de tecnologia logística de ponta.
A transação reforça a presença da DoorDash na Europa, onde disputa mercado com players consolidados como Just Eat Takeaway e Uber Eats (NYSE:UBER).
4. Petróleo reage após queda abrupta
Os preços do petróleo registraram alta nesta terça-feira, após forte correção na sessão anterior, em resposta à decisão de grandes produtores de aumentar o ritmo de produção, reacendendo o debate sobre sobreoferta.
No momento da redação, o barril do Brent subia 2,2%, cotado a US$ 61,58, enquanto o do West Texas Intermediate avançava 2,3%, a US$ 58,44.
Na segunda-feira, ambos os contratos fecharam nos menores níveis desde fevereiro de 2021, pressionados por uma mudança de postura da Opep+, que anunciou volumes de produção superiores aos estimados previamente.
A Arábia Saudita, maior exportador global, deve liderar o movimento de reversão dos cortes mantidos por mais de dois anos, enquanto outros membros do cartel buscam ampliar a receita compensando os preços mais baixos.
5. Dados de indústria e serviços no Brasil
O mercado local vai repercutir hoje a divulgação de dados sobre a atividade no setor privado, com destaque para indústria e serviços, na pesquisa mensal realizada pela S&P Global com gerentes de compras.
Em março, o PMI composto da S&P Global subiu para 52,6 pontos, sinalizando crescimento em ritmo semelhante entre serviços e indústria. O destaque foi o setor de serviços, cujo PMI avançou para 52,5, maior nível desde novembro, graças a uma aceleração nas vendas e à conquista de novos contratos.
Apesar da melhora nas condições de demanda e do aumento no emprego, as empresas permaneceram cautelosas quanto às perspectivas, citando pressões inflacionárias e custos financeiros elevados como fatores que poderiam limitar ganhos futuros e restringir o consumo, mesmo com algum alívio nos preços dos insumos.
No pregão de ontem, o Ibovespa fechou com queda de 1,22%, refletindo um ambiente de aversão ao risco no início de uma semana marcada por decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Segundo analistas, o recuo foi influenciado principalmente pela desvalorização do petróleo, após o anúncio surpresa de aumento de produção pela Opep+, o que pressionou as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) e outras companhias do setor energético. O desempenho negativo das ações do setor frigorífico, impactado por preocupações sanitárias nos EUA, e a alta do dólar também contribuíram para o movimento de baixa do índice, que acumulou perdas de 1,17% nas duas primeiras sessões de maio.
A temporada de balanços por aqui continua, com a divulgação dos números trimestrais de Embraer (BVMF:EMBR3), Raia Drogasil (BVMF:RADL3), Vibra, entre outras empresas. Clique aqui e veja o calendário completo.