Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
Investing.com – Os principais índices futuros das ações dos EUA registram alta antes da abertura das bolsas em Nova York nesta quinta-feira, apoiados por balanços positivos em Wall Street e pela expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve.
Na agenda do dia está a entrada em vigor das tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump aos principais parceiros comerciais do país. As novas tarifas atingem mais de 90 países, inclusive o Brasil, e envolvem setores estratégicos, como o de semicondutores.
Em resposta à política tarifária, a Apple compromete-se a investir mais US$ 100 bilhões nos EUA para ampliar sua produção doméstica.
No Brasil, os investidores também direcionam o foco a novos dados de inflação.
1. Futuros avançam nos EUA
Os contratos futuros dos principais índices acionários dos Estados Unidos registravam alta na manhã desta quinta-feira, refletindo a entrada em vigor das novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump e o desempenho robusto de parte dos balanços corporativos.
Às 7 h de Brasília, o Dow futuro subia 34 pontos, ou 0,1%; o S&P 500 futuro ganhava 17 pontos, ou 0,3%; e o Nasdaq 100 futuro avançava 67 pontos, também 0,3%.
Na véspera, os principais índices de Wall Street encerraram o pregão em alta, favorecidos por resultados trimestrais positivos, incluindo os da McDonald’s (NYSE:MCD). As ações da Apple (NASDAQ:AAPL) também subiram, refletindo o anúncio de novos aportes em manufatura doméstica (detalhado abaixo).
O S&P 500 recuperou parte das perdas da semana anterior, quando dados fracos de emprego pressionaram os mercados.
“Não houve qualquer evento que alterasse a tendência de valorização atual; cabe aos vendedores apresentar argumentos para reverter o apetite por risco, o que ainda não ocorreu”, afirmaram analistas da Vital Knowledge em relatório enviado a clientes.
O enfraquecimento do mercado de trabalho elevou as apostas em novos cortes de juros pelo Federal Reserve. Alguns dirigentes da autoridade monetária sinalizaram que podem reduzir a taxa básica já na próxima reunião, diante da desaceleração na geração de empregos e do impacto inflacionário potencial das novas tarifas.
2. Tarifas de Trump alteram dinâmica do comércio internacional
As novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos a mais de 90 países entraram em vigor logo após a meia-noite no horário da costa leste, dando continuidade à estratégia da Casa Branca de reestruturar as cadeias globais de comércio.
As taxas incluem um encargo de 15% sobre exportações da Bolívia e da Nigéria, e de 20% sobre produtos vindos de países como Taiwan. Já o Brasil e a Índia enfrentam tributos ainda mais elevados, decorrentes do desagrado de Trump com políticas domésticas, no caso brasileiro, relacionadas ao processo judicial contra seu aliado político, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, e, no caso indiano, à continuidade das importações de petróleo da Rússia.
Outros parceiros comerciais relevantes, como Reino Unido, União Europeia, Japão, Coreia do Sul e Vietnã, assinaram acordos preliminares com Washington, aceitando tarifas entre 15% e 20% em troca de maior acesso ao mercado americano e promessas de investimento nos EUA.
As tarifas de 30% sobre produtos chineses permanecem, mesmo após uma trégua firmada com Pequim no início do ano. Esse entendimento, no entanto, expira no próximo dia 12.
Trump também anunciou a intenção de aplicar uma tarifa de 100% sobre semicondutores importados, salvo para empresas que comprovem investimentos em produção nacional. A medida visa fomentar a cadeia de suprimentos doméstica no setor de chips.
Quanto ao Brasil, especificamente, a sobretaxa dos Estados Unidos atinge 77,8% das nossas exportações ao país, com alíquotas adicionais que chegam a 50% sobre 7.691 produtos, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A indústria de transformação foi a mais impactada, concentrando quase 70% dos bens tarifados, incluindo segmentos como vestuário, máquinas, têxteis e alimentos.
A indústria extrativa, por outro lado, permanece majoritariamente livre das novas tarifas, com destaque para o petróleo, representando 22,2% da pauta.
Produtos aeronáuticos podem ser isentos da tarifa de 40%, mediante comprovação de uso civil.
MAIS DETALHES: Tarifaço dos EUA atinge 77,8% das exportações do Brasil
3. Apple anuncia novo ciclo de aportes nos EUA
Em resposta à sinalização de isenção tarifária, o CEO da Apple, Tim Cook, reuniu-se com Trump na Casa Branca para formalizar um plano de investimento adicional de US$ 100 bilhões nos Estados Unidos.
Cook destacou o esforço da companhia, com sede na Califórnia, em ampliar sua capacidade industrial local e repatriar parte de sua cadeia de fornecimento. Segundo ele, a Apple está levando “muito a sério” o apelo do presidente para intensificar sua presença produtiva no país.
As ações da Apple subiram mais de 2% nas negociações estendidas, após alta superior a 5% no pregão regular da quarta-feira.
Em anúncio anterior, feito ainda no primeiro semestre, a empresa já havia comunicado a intenção de investir US$ 500 bilhões em território norte-americano, incluindo a contratação de 20 mil pessoas ao longo dos próximos quatro anos e a construção de uma nova fábrica no Texas voltada à produção de equipamentos para seus projetos de inteligência artificial.
Apesar dos anúncios, a produção do iPhone, carro-chefe da companhia, ainda não foi completamente relocalizada. Parte da fabricação foi transferida da China para países como Índia e Tailândia, em resposta às ameaças tarifárias de Trump sobre smartphones importados.
4. Exportações da China crescem mesmo com queda nos embarques aos EUA
As exportações chinesas cresceram em ritmo acelerado no mês de julho, sugerindo que o impacto das restrições comerciais com os Estados Unidos segue limitado e que a segunda maior economia do mundo continua explorando outros mercados globais.
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela Administração Geral de Alfândegas da China, os embarques cresceram 7,2% em relação ao mesmo período de 2024, em comparação com avanço de 5,8% registrado em junho.
Apesar disso, as exportações para os EUA caíram 22% na mesma base de comparação, após retrações de 16% em junho e de 35% em maio.
Os dados indicam que, mesmo com os efeitos da disputa comercial, atualmente em pausa, com Washington, o país asiático conseguiu manter a atividade externa ativa por meio de vendas para outras regiões. Esse comportamento tem sido essencial para compensar a fraqueza no consumo doméstico e os efeitos prolongados da crise no setor imobiliário.
5. Inflação no Brasil
No destaque da agenda econômica local, está a divulgação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) pela Fundação Getulio Vargas, que caiu 0,07% em julho, após uma deflação de 1,80% no mês anterior. Com esse resultado, o indicador acumula queda de 1,82% no ano e alta de 2,91% em 12 meses.
O IGP-DI é um indicador de inflação mais sensível a variações no câmbio e nos custos do atacado, apurado do primeiro ao último dia do mês de referência.