Por Stine Jacobsen
COPENHAGUE (Reuters) - As interrupções no transporte de contêineres no Mar Vermelho estão aumentando, disse a Maersk nesta segunda-feira, prevendo que isso reduzirá a capacidade do setor entre a Ásia e a Europa em até 20% no segundo trimestre.
A Maersk e outras empresas de transporte marítimo estão desviando embarcações em torno do Cabo da Boa Esperança, na África, desde dezembro, para evitar ataques de militantes Houthi alinhados ao Irã no Mar Vermelho e os tempos de viagem mais longos têm elevado os fretes.
"A zona de risco se expandiu, e os ataques estão chegando mais longe da costa", disse a Maersk. "Isso forçou nossos navios a prolongar ainda mais a viagem, resultando em tempo e custos adicionais para levar sua carga ao destino por enquanto", acrescentou a companhia em aviso atualizado aos clientes.
Os custos de combustível da Maersk nas rotas afetadas entre a Ásia e a Europa estão agora 40% mais altos por viagem, disse um porta-voz.
A Hapag-Lloyd, da Alemanha, que disse acreditar que a crise pode ser superada antes do final de 2024, também está redirecionando as embarcações.
"Os ataques no Mar Vermelho e no Golfo de Aden estão se deslocando cada vez mais para o mar. É por isso que estamos evitando totalmente essa área", disse a Hapag-Lloyd.
Ao desviar o tráfego do Canal de Suez, a Maersk estimou que a capacidade do setor de contêineres entre a Ásia e o norte da Europa e o Mediterrâneo seria reduzida entre 15% e 20% no segundo trimestre.
COMPLEXO
As interrupções causam efeitos em cascata em várias outras rotas de frete de contêineres, particularmente da Ásia para as costas leste e oeste da América do Sul, disse o porta-voz da Maersk, acrescentando que a situação do Mar Vermelho é complexa e continua a evoluir.
A Maersk, vista como um barômetro do comércio mundial, previu na semana passada que as interrupções durariam pelo menos até o final de 2024.
Enquanto isso, a francesa CMA CGM ainda está enviando alguns navios pelo Mar Vermelho escoltados por fragatas da marinha francesa ou de outras marinhas europeias, mas a maioria de seus navios está sendo redirecionada para a África, disse o presidente-executivo, Rodolphe Saade, ao jornal Le Monde.
"O problema é que é preciso fazer escala em portos que não são o destino final e fazer o transbordo em navios menores", disse Saade ao jornal em entrevista publicada nesta segunda-feira.
"Tânger está saturada e é preciso encontrar alternativas - como Algeciras ou Valência (da Espanha)", acrescentou.
Os efeitos indiretos das viagens ao redor da África incluem gargalos e aglomeração de navios, quando vários cargueiros chegam ao porto ao mesmo tempo, bem como falta de equipamentos e capacidade.
"Estamos fazendo o que podemos para aumentar a confiabilidade, inclusive navegando mais rápido e aumentando a capacidade", disse a Maersk, acrescentando que até agora já alugou mais de 125.000 contêineres adicionais.