Investing.com - O exército israelense ordenou que 1,1 milhão de pessoas que vivem no norte de Gaza deixem a área imediatamente. Uma indicação segura de que a entrada de tropas para destruir o Hamas é iminente.
O secretário-geral da ONU, Guterres, já está falando sobre uma catástrofe humanitária, enquanto o Hezbollah e o Irã estão sinalizando claramente que não tolerarão tal escalada.
Toda a região, da qual o mundo obtém um terço de seu petróleo por via marítima, ameaça cair no caos. Até porque a geopolítica fará pender a balança quanto ao tamanho do sofrimento que recairá sobre a população do Oriente Médio.
O analista do Rabobank, Michael Every, descreveu com muita propriedade a visão politicamente orientada do Oriente Médio, que varia de acordo com o cálculo das vantagens nacionais de cada um. Mesmo no Ocidente, as opiniões diferem muito.
Por um lado, temos os EUA, onde serão realizadas eleições no próximo ano. Nesse contexto, não é de surpreender que o governo, com referência ao serviço de inteligência, afirme que o Irã foi surpreendido pelo ataque do Hamas e que não foi, de forma alguma, o mentor do ataque. Essa é uma tentativa de manter o Irã fora da ação e de não colocar em risco a situação do fornecimento global de petróleo, porque nos EUA as eleições também são decididas nas bombas de gasolina - quanto mais barato, melhor para o governo em exercício.
Do outro lado está a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que não deixa dúvidas de que o Irã foi a força motriz por trás dos ataques do Hamas.
Para uma posição e ação unidas, tudo menos uma boa posição inicial. Michael Every escreve:
"Infelizmente, é preciso observar que, em um ano eleitoral, as agências de inteligência dos EUA dirão qualquer coisa que seja politicamente correta, pois isso ajuda a Casa Branca se ela puder dizer que não há necessidade de atacar o Irã, mesmo que você apoie Israel. Ainda não se sabe o que isso significa em termos de dissuasão".
O longo telefonema entre o príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman e o presidente iraniano Raisi também levanta questões.
Será que esse já foi o prelúdio para a Arábia Saudita se distanciar de Israel e do Ocidente a fim de fazer mais negócios no interesse dos BRICS no futuro? Ou foi mais uma questão de sondar se o Irã voltaria suas armas contra a Arábia Saudita se os EUA ousassem bombardear o Irã?
Os desafios que a economia global enfrentava há apenas 10 dias eram imensos. Certamente, as taxas de juros estavam mais altas nos EUA, mas nunca antes o serviço da dívida havia sido tão alto, enquanto a China estava sendo assolada por uma crise imobiliária sem precedentes, outro gasoduto havia sido sabotado e o conflito na Ucrânia não tinha fim à vista.
O conflito no Oriente Médio, que agora está se intensificando, tem o potencial de sair completamente do controle, tornando quase certo que os mercados financeiros passarão por um período muito turbulento.
Durante anos, foi como subir em uma escada rolante, sempre subindo. Mas, no final dessa jornada confortável, o paraíso não está esperando, mas um enorme abismo que engolirá todos os ganhos dos últimos anos em poucos instantes, quando ocorrer a inevitável queda livre. O blog de investimentos da QTR Fringe Finance afirma:
"A economia dos EUA, o mercado imobiliário, o mercado de imóveis comerciais e o mercado de ações ainda estão em território de bolha, perto de máximas históricas, e ainda não viram um declínio significativo, o que acredito ser uma necessidade matemática, dadas as taxas de juros atuais.
Isso me faz pensar por que as pessoas continuam a fingir que o mundo não está à beira de uma mudança drástica em seu planejamento pessoal e financeiro. Embora eu espere um retorno à normalidade, as condições para uma mudança profunda e volátil parecem mais tangíveis do que nunca em minha carreira de investidor."
Portanto, qualquer pessoa que invista nos mercados financeiros deve considerar com urgência se sua estratégia atual realmente faz jus aos eventos mundiais e agir de acordo. Porque se você não conseguir pular da escada rolante a tempo, será arrastado para o abismo com eles.