RIO DE JANEIRO (Reuters) -A safra de soja do Brasil em 2023/24 foi estimada nesta quinta-feira em 150,35 milhões de toneladas, queda de 1,6% ante a estimativa anterior, em meio a impactos das intempéries na temporada atual, de acordo com levantamento da consultoria StoneX.
"A colheita está em andamento, destacando que os rendimentos do que foi plantado logo no início do ciclo têm mostrado resultados mais fracos", disse a especialista de inteligência de mercado do grupo, Ana Luiza Lodi.
Em comparação ao recorde do ano passado, espera-se uma produção 4,8% menor, caso seja confirmada a estimativa atual.
"Contudo, a tendência é que as produtividades melhorem, uma vez que as áreas semeadas mais tarde se depararam com um clima menos adverso", acrescentou ela.
Apesar dos ajustes negativos de produtividade reportados em alguns Estados, em decorrência do clima, as produtividades esperadas para Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará aumentaram, com a ocorrência de chuvas mais significativas no período recente, disse a StoneX em relatório.
Com a redução na expectativa de produção, as projeções de exportações foram reduzidas de 95 milhões para 93 milhões de toneladas, contra um recorde de 101,86 milhões de toneladas no ano anterior.
Já o consumo interno deve se manter "aquecido", disse a consultoria, destacando o aumento da mistura de biodiesel de 12% para 14%. A maior parte do biocombustível no país tem no óleo de soja a principal matéria-prima.
A demanda por soja no Brasil foi estimada em 57,5 milhões de toneladas, ante 55 milhões na temporada passada.
O balanço de oferta e demanda "deve se manter ajustado", com estoques finais na casa de 2 milhões de toneladas, um pouco acima do visto no ano anterior, segundo comunicado.
MILHO QUASE ESTÁVEL
Em meio à expectativa de uma produção levemente maior na primeira safra de milho e à redução marginal na segunda, a produção total do cereal do Brasil em 2023/24 ficou estimada em 124,5 milhões de toneladas, praticamente inalterada em comparação com o relatório do mês anterior.
Na comparação anual, deve ocorrer uma queda de quase 15 milhões de toneladas na produção, com uma recuo principalmente na primeira safra, em meio a condições de mercado e de clima menos favoráveis.
Não houve alterações nos números projetados para a temporada 2023/24, com a exportação estimada em 45 milhões de toneladas e a demanda doméstica em 84 milhões de toneladas.
A StoneX revisou sua estimativa de produção no verão para 25,9 milhões de toneladas, 0,4% acima do número divulgado no início de janeiro, apesar de um corte na colheita do Rio Grande do Sul, maior produtor de milho na primeira safra.
A produção gaúcha foi reduzida, em 5,2% relação ao estimado no último mês, para 5 milhões de toneladas, mas ainda crescerá mais de 50% na comparação com a temporada passada, afetada pela seca.
A redução no Rio Grande do Sul foi compensada por expectativas mais favoráveis em outros Estados.
(Por Roberto Samora; edição de Letícia Fucuchima)