Tarifas de Trump aumentam riscos de recessão para EUA e economia global, dizem analistas

Publicado 03.04.2025, 10:09
© Reuters

Investing.com — Analistas avaliam que as novas tarifas universais e recíprocas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, são mais agressivas do que o esperado, com alguns alertando que o choque comercial decorrente pode elevar significativamente o risco de uma recessão nos EUA e no cenário global.

Na quarta-feira, Trump anunciou uma tarifa de 10% sobre todas as importações norte-americanas, além de tarifas específicas para determinados países, equivalentes a cerca de metade das alíquotas que esses países impõem sobre exportações dos EUA.

A China foi, de longe, a mais afetada, com a carga tarifária total dos EUA sobre produtos chineses atingindo agora 54%. A União Europeia enfrentará tarifas de 20%, enquanto Taiwan, Suíça, Tailândia e Bangladesh serão submetidos a alíquotas entre 30% e 50%.

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As tarifas serão implementadas ao longo da próxima semana.

Estão isentas das tarifas as importações de cobre, madeira, ouro, produtos farmacêuticos e alguns minerais estratégicos. Já as tarifas de 25% sobre veículos entram em vigor ainda esta semana.

Implementação total das tarifas pode gerar recessão, alerta o JPMorgan (NYSE:JPM)

O JPMorgan afirmou que ainda aguarda detalhes sobre a forma de implementação das tarifas por parte do governo Trump antes de revisar suas projeções.

Contudo, os analistas do banco alertaram que a aplicação integral dessas medidas representa um “choque macroeconômico relevante, atualmente não incorporado em nossas estimativas”.

“Esse choque tende a ser amplificado por seus efeitos sobre o sentimento dos agentes econômicos e pela retaliação dos países que enfrentarão aumento expressivo em suas tarifas de exportação”, escreveram analistas do JPM em nota, acrescentando que esse impacto pode resultar em uma recessão tanto nos Estados Unidos quanto no plano global.

Impacto das tarifas supera projeções, avalia Capital Economics

Para a Capital Economics, as tarifas recíprocas anunciadas por Trump superaram as previsões, com a alíquota efetiva média sobre as importações americanas podendo atingir 26% — o nível mais alto em 131 anos.

A consultoria observou que Canadá e México foram relativamente poupados, enquanto países asiáticos como China e Vietnã figuram entre os mais penalizados. Japão e União Europeia ficaram em uma posição intermediária.

A Capital Economics destacou que, embora as tarifas tendam a elevar a arrecadação fiscal dos EUA, o impacto na economia dependerá da destinação dos recursos.

“Se forem devolvidos à população por meio de cortes tributários, o crescimento pode não ser tão prejudicado. Mas se forem usados para reduzir o déficit fiscal, o efeito se assemelha a um aperto de mais de 2%, o que torna improvável evitar uma recessão”, avaliou a instituição em nota.

Wells Fargo (NYSE:WFC) projeta forte afrouxamento monetário até 2026

Analistas do Wells Fargo afirmaram que o pacote tarifário veio acima das expectativas e será percebido como negativo tanto para a economia americana quanto para os países atingidos.

A instituição projeta que o Federal Reserve promoverá “um afrouxamento consideravelmente maior” entre meados de 2025 e meados de 2026, com grande parte desse movimento precificado para o primeiro semestre de 2026.

No curto prazo, o banco vê pouca margem para novos cortes de juros nas próximas reuniões do Fed, dado o tom cauteloso adotado pela autoridade monetária.

Barclays (LON:BARC) vê aumento do risco de recessão no Reino Unido e na Europa

Para o Barclays, as novas tarifas deterioram o cenário econômico global e ampliam o risco de recessão para o Reino Unido e diversos países europeus na segunda metade de 2025.

O banco de investimentos ainda aguarda as medidas de retaliação por parte dos países afetados, mas apontou que a decisão de Trump acentuou a incerteza em relação à política comercial internacional e prejudicou as perspectivas de crescimento.

“A elevação extraordinária na incerteza comercial gerada pelas mudanças tarifárias (por meio do chamado canal de incerteza) adia decisões de investimento e consumo, reduzindo a demanda doméstica e provocando desaceleração significativa na atividade”, escreveram analistas do Barclays.

As projeções atuais do banco estimam um impacto no PIB de 1,1% para Reino Unido e União Europeia. Em cenários mais adversos, esse impacto pode subir para 1,9% na Europa e 1,5% no Reino Unido.

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