Antes de feriado, dólar contraria exterior e sobe ante real após Fed

Publicado 10.06.2020, 17:06
Atualizado 10.06.2020, 17:40
© Reuters.

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta contra o real nesta quarta-feira, descolado das operações nos mercados externos, conforme investidores assumiram posição mais defensiva antes de feriado no Brasil e após o banco central dos Estados Unidos manter sua política monetária.

O dólar à vista encerrou com valorização de 1,05%, a 4,9398 reais na venda. O dólar futuro negociado na B3 tinha ganho de 1,38%, a 4,9725 reais, às 17h28.

O dólar spot chegou a cair 1,00%, a 4,8395 reais, na mínima do dia, logo após a abertura, mas na sequência passou a ganhar tração até subir.

Após o anúncio da decisão de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), a cotação voltou a cair, mas rapidamente recobrou forças até bater a máxima da sessão, de 4,9623 reais (+1,51%), às 15h55. Houve alguma realização de lucros posteriormente, mas nada que impedisse o fechamento em alta.

"O mercado está tirando o pé do acelerador. A recuperação (dos ativos) no Brasil foi muito forte, muito rápida", disse Adriano Cantreva, sócio da Portofino. "Os preços estão esticados em relação ao fundamental, e no Brasil ainda mais", completou.

Já na terça o dólar havia subido 0,69%, após cair 2,66% na segunda-feira, quando atingiu o menor valor em 12 semanas. A cotação vinha de 11 quedas dentre 14 pregões e até a segunda acumulou baixa de 17,73% desde a máxima recorde de fechamento --de 5,9012 reais, alcançada em 13 de maio.

O feriado na quinta-feira também respaldou a posição mais conservadora do mercado. Investidores costumam reduzir exposição antes de dias sem negociação visando minimizar riscos de perdas a depender do noticiário.

E, apesar de aparente descompressão nas últimas semanas, o front político segue no radar de operadores. "O cenário político afeta mais dólar do que, por exemplo, a bolsa, por causa do componente de investimento estrangeiro", disse Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management. "Talvez tenhamos esse descolamento (do câmbio em relação ao exterior) mais vezes", acrescentou.

Enquanto o dólar subiu 1,05% no Brasil, a moeda norte-americana cedia no fim da tarde 0,9% contra rand sul-africano, 0,2% ante peso mexicano, 0,3% frente à lira turca e 0,6% em relação à moeda da Austrália.

O índice do dólar contra uma cesta de seis rivais de países desenvolvidos perdia 0,4% e renovou mínimas em cerca de três meses.

Analistas avaliam que o câmbio também pode encontrar mais resistência para apreciação adicional diante de renovada expectativa de afrouxamento monetário no Brasil.

Embora tenha vindo acima das previsões, o IPCA de maio, divulgado nesta quarta pelo IBGE, registrou a maior deflação desde agosto de 1998, e o acumulado em 12 meses se distanciou ainda mais do piso da meta perseguida pelo Banco Central.

"De certa maneira, não vemos espaço para pressão de demanda para a inflação no curto prazo devido ao hiato aberto e à inércia favorável", afirmou Julia Araujo, economista sênior do Itaú Unibanco.

O banco privado prevê Selic ao fim do ano de 2,25%, mas no mercado alguns analistas têm se posicionado para um juro abaixo de 2%. A queda da Selic é citada como fator que pressionou o câmbio nos últimos tempos, já que reduziu a taxa paga por títulos de renda fixa e colocou o Brasil em desvantagem em relação a outros emergentes com juros básicos mais elevados.

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