Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu elevou sua taxa básica de juros a um pico recorde de 4% nesta quinta-feira e, com a economia da zona do euro abalada, sinalizou que esse provavelmente será seu último movimento na batalha de mais de um ano contra a inflação alta.
O banco central dos 20 países que compartilham o euro também aumentou suas previsões para a inflação, que agora espera que caia mais lentamente em direção à sua meta de 2% nos próximos dois anos, ao mesmo tempo em que reduziu suas expectativas para o crescimento econômico.
Isso ilustrou o dilema que o BCE enfrentou na reunião, com os preços ainda subindo a mais do que o dobro de sua meta mas com a atividade econômica enfrentando dificuldades devido aos altos custos de empréstimos e à desaceleração na China.
Diante desse cenário, o BCE enviou uma mensagem clara de que provavelmente já terminou de aumentar os juros.
"Com base em sua avaliação atual, o Conselho do BCE considera que as taxas de juros básicas atingiram níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, darão uma contribuição substancial para o retorno oportuno da inflação à meta", disse o BCE.
A expectativa agora é de que isso ocorra mais lentamente do que na época das projeções anteriores do BCE, em junho, com a inflação passando a ser em 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, não descartou mais um aumento de juros se necessário e disse que as taxas terão que permanecer em níveis restritivos por algum tempo.
"O foco vai passar, à frente, para a duração. Mas isso não quer dizer --porque não podemos dizer isso agora --que estamos no pico", disse ela em entrevista à imprensa.
Lagarde reconheceu que alguns membros do BCE argumentaram contra o aumento dos juros, mas acrescentou: "Houve uma maioria sólida de presidentes (de BCs) que concordou com a decisão que tomamos."
Quando questionada sobre a redução pelo BCE de suas estimativas de crescimento --a expansão da zona do euro este ano foi estimada em apenas 0,7% --e se isso significa que uma recessão é agora o cenário básico, Lagarde insistiu que a desaceleração é temporária.
"A recuperação que tínhamos planejado para o segundo semestre de 2023 foi adiada", disse ela "Estamos confiantes de que o crescimento vai acelerar em 2024."
INFLAÇÃO
O aumento da estimativa de inflação para 2024 - o que havia sido relatado pela Reuters anteriormente - provavelmente desempenhou um papel importante nas discussões, já que os autoridades de política monetária avaliaram o risco de a inflação, atualmente ainda acima de 5%, ficar presa em um nível elevado.
O aumento de 25 pontos-base adotado nesta quinta-feira eleva a taxa que o BCE paga sobre os depósitos bancários para 4,0%, o nível mais alto desde que o euro foi lançado em 1999.
Há apenas 14 meses, essa taxa estava em uma mínima recorde de -0,5%, o que significa que os bancos tinham que pagar para manter seu dinheiro em segurança no banco central.