Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar rondava a estabilidade frente ao real nesta segunda-feira, apesar da fraqueza da moeda norte-americana no exterior, enquanto investidores demonstravam cautela no início de uma semana repleta de eventos econômicos, incluindo um discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.
Às 9h29, o dólar à vista tinha variação positiva de 0,02%, a 5,4685 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,40%, a 5,463 reais na venda.
Nesta manhã, o dólar exibia ampla fraqueza nos mercados globais, com agentes financeiros consolidando apostas de que o Fed começará um ciclo de afrouxamento monetário em sua reunião do próximo mês, após dados mostrarem na semana passada que a inflação nos EUA segue em uma trajetória de queda.
Operadores veem uma chance de 73% de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros pelo banco central dos EUA em setembro, no que seria a primeira mudança da taxa desde julho de 2023, quando foi elevada para a faixa de 5,25% a 5,50%.
Quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos dos Treasuries caem.
Outro fator de pressão sobre o dólar no exterior é a perspectiva de mais aperto monetário pelo banco central japonês, que já elevou sua taxa de juros para 0,25% no mês passado. A redução do diferencial de juros entre EUA e Japão torna o iene mais interessante para investimentos, provocando uma fuga do dólar.
O dólar tinha queda de 0,96% em relação ao iene, a 146,16.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,25%, a 102,200.
Apesar da queda do dólar frente a moedas fortes, suas perdas eram menores em divisas de maior risco, uma vez que investidores demonstram certa cautela antes de uma série de eventos econômicos nesta semana.
Os mercados estarão atentos aos dados de PMI de EUA, França, Alemanha, Reino Unido e zona do euro ao longo da semana, em busca de sinais sobre o estado das principais economias do mundo.
O grande destaque da agenda, no entanto, será o encontro de autoridades de bancos centrais em Jackson Hole, no Estado de Wyoming, nos dias 22 a 24 de agosto.
O foco será o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, à medida que os mercados buscam indícios sobre a trajetória da política monetária do banco central dos EUA.
Com isso, o dólar tinha resultados mistos em países emergentes, recuando ante o peso chileno e o rand sul-africano, mas subindo contra o peso mexicano.
No cenário nacional, o mercado aguarda palestra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também em Jackson Hole, ainda sem data definida.
Também estará no radar ao final da semana a divulgação de novos dados do IPCA-15, que fornecerão os primeiros indícios sobre a trajetória dos preços em agosto.
Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus elevaram a projeção para o nível da Selic ao fim do próximo ano, enquanto mantiveram novamente a expectativa para a taxa básica de juros em 2024.
O levantamento, que capta as estimativas do mercado para indicadores econômicos, mostrou que os economistas agora veem a Selic fechando 2025 em 10,00% ao ano, ante 9,75% na semana anterior.
Pela nona semana consecutiva, por outro lado, eles mantiveram a expectativa para a taxa de juros ao fim deste ano no patamar atual de 10,50%, projetando, portanto, que o BC não fará movimentações nas reuniões de política monetária que restam em 2024.
A previsão para o valor do dólar ficou próximo da estabilidade para 2024, agora visto em 5,31 reais, de 5,30 reais há uma semana. Para 2025, foi mantida a projeção de 5,30 reais.