Moraes determina investigação sobre suspeita de "insider trading" em anúncio de tarifa de Trump
Uma piora do sentimento no exterior ao longo da tarde, com virada das bolsas em Nova York para o campo negativo, fez com que o dólar ganhasse força no mercado doméstico de câmbio nas últimas horas de negócios e encerrasse a sessão desta segunda-feira, 18, em alta, na casa de R$ 5,42.
Pela manhã, a divisa operou em queda firme, tendo descido até mínima de R$ 5,3535 (-0,95%). O real era beneficiado pela valorização das commodities, na esteira de anúncio do governo da China de estímulos ao setor imobiliário, e pela consolidação da aposta de que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) não vai acelerar o ritmo de alta de juros neste mês.
Segundo operadores, assim que o clima azedou em Nova York, sob novos temores de recessão diante de notícias de que a Apple (NASDAQ:AAPL) está preocupada com desaceleração do crescimento nos EUA, teve início um movimento de realização de lucros intraday e de recomposição de posições defensivas no mercado local. Assim, o dólar não apenas trocou de sinal como correu até a máxima de R$ 5,4287 (+0,44%).
No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 5,4257, em alta de 0,38% - o que leva a valorização acumulada em julho a 3,65%. Operadores ressaltam que a liquidez foi apertada, o que tornou a taxa de câmbio mais suscetível a operações pontuais. Principal referência do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto girou menos de US$ 10 bilhões.
Lá fora, o dia foi de ajuste de baixa da moeda americana frente a divisas fortes, sobretudo o euro e a libra, muito castigados na semana passada. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real, o desempenho foi misto.
Segundo o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, houve uma retomada de posições defensivas no mercado local com a piora do humor em Nova York, uma vez que os mercados estão muito sensíveis a qualquer sinal que mostre perda de fôlego da economia global. "Os investidores querem ver como os BCs vão conseguir combater a inflação sem sufocar o crescimento econômico", diz Gusmão.
O Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar uma alta da taxa de juros (provavelmente em 25 pontos base) na quinta-feira (21). Amanhã, sai o índice de preços ao consumidor na zona do euro em junho.
Gusmão vê possibilidade de o dólar correr até R$ 5,50 nas próximas semanas, dependendo do grau de aversão ao risco no exterior e das decisões de política monetária do BCE e do Federal Reserve (no próximo dia 27). Com a perspectiva mais forte de recessão na Europa e o descompasso do ritmo de aperto monetário entre Fed e BCE, o euro se enfraqueceu bastante em relação ao dólar.
Após divulgação de redução das expectativas de inflação nos Estados Unidos, relevada na sexta-feira por leitura preliminar do sentimento do consumidor em julho feita pela Universidade de Michigan, o mercado voltou a apostar majoritariamente em uma alta de 75 pontos-base da taxa básica americana neste mês.
"Caiu significativamente a chance de elevação dos Fed Funds em 100 pontos-base. A deterioração do índice de mercado imobiliário reforma a percepção de que o Fed não será tão agressivo nos juros até o final do ciclo", diz o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressaltando que, por aqui, o mercado parece "estar esperando uma redução da aversão ao risco", já que o Boletim Focus trouxe mediana de R$ 5,13 para a taxa de câmbio no fim do ano.
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, observa que o real apresentou uma piora em seu desempenho relativo frente a pares nos últimos dias, dado o ambiente externo conturbado e o aumento do risco fiscal doméstico. "A tensão entre os poderes Executivo e Judiciário também acaba por elevar os prêmios de risco e investidores estrangeiros seguem retirando recursos da bolsa brasileira", afirma Damico, em relatório. "O cenário para a taxa de câmbio segue de alta volatilidade no curto prazo, porém continuamos vislumbrando mais vetores de depreciação da moeda, com dólar forte e elevação do risco fiscal, principalmente."
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e pôr em xeque a segurança das urnas eletrônicas em encontro hoje com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada. Segundo o presidente, hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tiveram acesso a uma senha de um ministro da Corte.