Arena do Pavini - O dólar comercial abriu estável, chegando a cair durante o início dos negócios no mercado comercial e nos mercados futuros e voltando a subir pouco depois. Às 11h10, a moeda americana subia 0,1% no mercado comercial, para R$ 4,146 para venda, enquanto o dólar turismo, do varejo e dos cartões e viagens, ganhava 0,23%, para R$ 4,31. O dólar futuro na B3 para setembro subia ligeiramente, 0,02%, para R$ 4,144, e 0,15% para outubro, para R$ 4,152.
PIB americano revisto para cima
A moeda americana no Brasil segue acompanhando a instabilidade no mercado internacional, que hoje repercute a revisão dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) americano no segundo trimestre, de 4,1% para 4,2%, acima do esperado pelo mercado, que trabalhava com uma redução para 4%.
Maior crescimento desde 2016
O crescimento é o maior desde 2016 e mostra o efeito dos estímulos fiscais via redução de impostos para empresas e pessoas promovidos pelo presidente Donald Trump. A revisão para cima veio especialmente do aumento dos investimentos das empresas, especialmente de propriedade intelectual, e da redução de importações. Já o consumo das famílias foi revisto para baixo, de 4% na primeira prévia para 3,8% nesta.
Inflação do PCE sob controle
A economia crescendo mais forte poderia levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar os juros caso houvesse sinais de inflação também subindo, mas não foi o caso, pois o custo dos gastos dos consumidores (PCE, indicador de inflação usado para deflacionar o PIB americano e referencial do Fed) foi revisto para baixo, de 2,2% ao ano para 2%, quando descontados os preços de alimentos e combustíveis. Esse percentual está dentro da meta do Fed para a inflação.
Bolsas nos EUA e Europa estáveis
Nos mercados, a reação aos números é discreta ainda. O Índice Dow Jones abriu em pequena queda, de 0,3%, enquanto o Standard & Poor’s 500 sobe 0,19% e o Nasdaq, 0,41%. Na Europa, o Índice Financial Times, de Londres, cai 0,69%, enquanto o DAX, da Alemanha, sobe 0,04% e o CAC, de Paris, 0,08%, fazendo o Euro Stoxx 600 subir 0,05%.
Risco do acordo com o México
Ainda nos Estados Unidos, o Congresso americano ameaça não aprovar o acordo com o México anunciado pelo presidente Trump se o Canadá também não chegar a um termo com os parceiros. Representantes do Canadá estão nos Estados Unidos para tentar rever o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
Itália é novo risco
Já na Europa, a preocupação é com a Itália, com a expectativa de um possível rebaixamento do país pelas agências de rating após a projeção de um déficit público acima de 3% do PIB, limite estabelecido pelas autoridades europeias. O jornal La Stampa diz que o governo italiano pediu ao Banco Central Europeu a prorrogação do programa de recompra de títulos de bancos também.
Leilões de linhas para rolagem
No Brasil, o Banco Central anunciou dois leilões de linhas em dólar para rolar o vencimento de US$ 2,15 bilhões previsto para setembro, ajudando a reduzir a pressão sobre o mercado. Mas, como destaca o diretor da Wagner Investimentos, José Raymundo de Faria Júnior, o BC ainda não se manifestou em relação à rolagem dos contratos de swap cambial, que funcionam como proteção contra a alta da moeda, que vencem em setembro.
Bolsonaro no Jornal Nacional
Ele menciona a campanha eleitoral e as entrevistas com os principais candidatos no Jornal Nacional. Ontem, Jair Bolsonaro teve uma discussão acalorada com os jornalistas e teria se saído bem, conforme avaliação de analistas da corretora XP Investimentos, reafirmando seus principais pontos aos eleitores, apesar de alguns desgastes com questões relacionadas à igualdade salarial de homens e mulheres. Hoje será a vez de Geraldo Alckmin, do PSDB, o preferido dos mercados por defender a continuidade do ajuste fiscal e menor participação do Estado na economia.
Dólar entre R$ 4,20 e R$ 4,30
Para Faria Júnior, a possibilidade de o dólar comercial atingir a faixa de R$ 4,20-R$ 4,30 segue intacta em meio ao BC quieto e à especulação com pesquisas eleitorais. “A partir da próxima semana, o mercado irá ficar ainda mais atento as pesquisas devido início da propaganda no rádio e TV”, diz.
Para Pablo Stipanicic Spyer, direto da corretora Mirae Asset, o dólar tem um teto, ou como os analistas gráficos chamam, uma resistência muito forte nos R$ 4,25, que aparentemente pode ser testada no curto prazo pelos especuladores e investidores. “A realidade bateu à porta”, resume Spyer, lembrando que alguns fatores pressionam o dólar para cima e o real para baixo. O primeiro, o imbróglio eleitoral, que não teve nenhuma grande mudança no cenário até agora. O segundo a busca por proteção, ou “flight to quality”, que continua, e que os investidores globais começam a entender que não deve parar. E, finalmente, a incerteza fiscal do Brasil, que está virando certeza de problemas adiante e no curto prazo.
Ibovespa sobe 0,7% e volta aos 78 mil pontos
Na bolsa, o Índice Bovespa está em alta, de 0,71%, superando os 78 mil pontos, aos 78.025 pontos. As ações ordinárias (ON, com voto) da Ambev (SA:ABEV3), com alta de 0,84%, e as preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras, com 2,45%, e do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), com 0,94%, puxam a recuperação do índice. Eletrobras ON (SA:ELET3) lidera as altas do Ibovespa, com 3,21%, seguida de Magazine Luíza ON, com 2,64% e Petrobras PN (SA:PETR4). Estácio Participações (SA:ESTC3) ON lidera as baixas do índice, com 1,65%, seguida de Engie Brasil ON (SA:EGIE3), com 1,14% e Localiza (SA:RENT3) ON, com 1,13%.
Por Arena do Pavini