BBAS3: Banco do Brasil sobe antes do balanço; hora da virada ou ajuste técnico?
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta quinta-feira, conforme os investidores optavam pela cautela diante do impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos e de novos dados de inflação ao produtor na maior economia do mundo que mexiam nas apostas sobre a política monetária do Federal Reserve.
Às 10h, o dólar à vista subia 0,09%, a R$5,4064 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,22%, a R$5,427 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a força da moeda norte-americana no exterior, principalmente frente a divisas emergentes, depois que operadores reduziram apostas de que o banco central dos EUA poderá cortar a taxa de juros já no próximo mês.
O governo dos EUA informou mais cedo que seu índice de preços ao produtor subiu 0,9% em julho na base mensal, ante estabilidade no mês anterior e bem acima da alta de 0,2% projetada em pesquisa da Reuters com economistas. Em 12 meses, a inflação ao produtor atingiu 3,3%, de 2,4% anteriormente.
O resultado fomentava os temores de que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, possam estar finalmente começando a impactar os preços no país, o que em breve pode chegar ao consumidor, colocando dúvida sobre a percepção de uma inflação moderada.
Em outro dado, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada em meio ao baixo número de demissões. Os pedidos caíram em 3.000, para 224.000 com ajuste sazonal.
Operadores passaram a precificar uma chance de 98% de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG. Antes dos dados, uma redução no próximo mês estava totalmente precificada, com algumas apostas mostrando uma pequena probabilidade de um corte maior de 0,5 ponto.
A mudança era suficiente para sustentar o dólar no exterior. O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,32%, a 98,035.
A moeda também avançava sobre divisas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
A perspectiva de cortes de juros pelo Fed tem favorecido o real em sessões recentes devido à percepção de que, com a taxa Selic em patamar alto por tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e EUA permanecerá favorável para o lado brasileiro.
O real tem rondado cotações anteriormente atingidas há mais de um ano, tendo alcançado a mínima desde junho de 2024, a R$5,3864, na terça-feira.
Por outro lado, o mercado doméstico também continua preocupado com o impasse comercial entre Brasil e EUA, iniciado com a imposição por Washington de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada, o que justificava uma maior cautela nas negociações.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta negociar com os EUA, mas não tem conseguido encontrar canais de diálogo. Na véspera, Lula assinou uma medida provisória que traça um plano de contingência para empresas afetadas pela taxação. O destaque foi uma linha de crédito de R$30 bilhões.
O plano de ajuda não apresentou grandes surpresas aos agentes financeiros, que temem o impacto fiscal das medidas ou que o pacote possa servir de justificativa para o Executivo descumprir metas para as contas públicas.
(Edição de Camila Moreira e Pedro Fonseca)