Dólar vai abaixo de R$5,30 com continuação de ajuste; mercado digere dados dos EUA, IPCA

Publicado 08.07.2022, 09:10
Atualizado 08.07.2022, 11:50
© Reuters. Notas de dólar
14/11/2014
REUTERS/Gary Cameron

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar devolveu ganhos iniciais e passou a cair acentuadamente nesta sexta-feira, chegando a ir abaixo de 5,30 reais, movimento que alguns operadores atribuíram a extensão de ajuste técnico no preço da moeda e a entrada pontual de recursos no mercado brasileiro, enquanto investidores digeriam um relatório de emprego norte-americano e a leitura de junho do IPCA. Às 11:27 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,85%, a 5,2990 reais na venda, em torno das mínimas da sessão, depois de ter chegado a saltar brevemente na esteira dos dados de emprego dos Estados Unidos. No pico do dia, a moeda ganhou 0,48%, a 5,3701 reais. Na B3 (BVMF:B3SA3), às 11:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,81%, a 5,3320 reais. Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, disse à Reuters que a queda do dólar nesta manhã é a continuação de um ajuste para baixo observado na véspera, quando a moeda recuou 1,45%, a 5,3443 reais, pausando um rali recente. O dólar subiu em 18 dos últimos 23 dias completos de negociação, acumulando alta de quase 12% no período. É normal, depois de movimentos expressivos da moeda, haver correções pontuais no sentido oposto, conforme investidores realizam lucros. A baixa da divisa norte-americana também pode refletir entrada de dinheiro estrangeiro no Brasil diante da atratividade da bolsa local, que "ficou barata" após um tombo recente, disse Bergallo. "Com dólar a 5,30 reais (Ibovespa a) 100 mil pontos, isso chama fluxo, independentemente do contexto." O cenário internacional nesta manhã era misto, com investidores digerindo a notícia de que a economia dos EUA abriu 372 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, segundo dados do Departamento do Trabalho do país, contra estimativa em pesquisa da Reuters de criação líquida de 268 mil postos. O resultado acima do esperado em junho deixa a economia mais perto de recuperar todos os empregos perdidos durante a pandemia. A taxa de desocupação permaneceu em 3,6% pelo quarto mês consecutivo. Essa leitura afasta a perspectiva de piora no mercado de trabalho norte-americano, mesmo em meio ao recente ressurgimento de temores internacionais de recessão, disse Gustavo Gruz, estrategista da RB Investimentos, acrescentando que isso reforça a tendência de aumento mais agressivo dos juros pelo Federal Reserve. Por um lado, essa perspectiva pode beneficiar o dólar e afetar divisas de risco, já que custos de empréstimos mais altos nos EUA tendem a atrair recursos para o mercado de renda fixa norte-americano. Por outro, a resiliência do emprego nos Estados Unidos é boa notícia para investidores que têm mostrado preocupação com o desempenho da maior economia do mundo, o que poderia acalmar temores de recessão global e renovar o apetite por ativos mais arriscados, como moedas emergentes –grupo do qual o real faz parte. No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes rondava estabilidade e seguia próximo de uma máxima em duas décadas. Mas o índice estava bem abaixo das máximas desta manhã, alcançadas imediatamente após a divulgação do relatório de emprego. No Brasil, investidores digeriam a leitura de junho do IPCA, que subiu 0,67% no período, ante taxa de 0,47% em maio. Apesar da aceleração, o resultado veio ligeiramente abaixo do esperado em pesquisa da Reuters, e foi, no geral, bem recebido pelos mercados domésticos. Cruz, da RB, disse que os dados de inflação reforçam a perspectiva de que o Banco Central encerrará seu ciclo de aperto monetário na próxima reunião, em 2 e 3 de agosto. A maior parte dos mercados aposta numa elevação de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 13,75%.

(Edição de Camila Moreira)

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