Dólar recupera fôlego na contramão do exterior com mercado de olho em Ptax do fim de março

Publicado 30.03.2022, 17:06
Atualizado 30.03.2022, 17:45
© Reuters. Funcionário conta notas de dólares na sede do banco Korea Exchange, em Seul
28/04/2010
REUTERS/Jo Yong-Hak

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar abandonou perdas iniciais e fechou em alta contra o real nesta quarta-feira, apesar da fraqueza da moeda no exterior, com posições compradas ganhando fôlego diante da aproximação do fim de março.

Depois de chegar a cair 0,66% pela manhã, a 4,7260 reais, o dólar à vista encerrou o pregão com ganho de 0,59%, a 4,7855 reais na venda. No pico da sessão, alcançado na parte da tarde, a moeda saltou 0,75%, a 4,7930 reais.

Na B3 (SA:B3SA3), às 17:03 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,52%, a 4,7880 reais.

Participantes do mercado disseram que essa valorização --que ocorreu na contramão de perdas generalizadas do dólar no exterior-- refletiu, em parte, a aproximação do último dia do mês e do primeiro trimestre, na quinta-feira, quando ocorre a formação de uma importante taxa de câmbio.

Trata-se da Ptax, calculada pelo Banco Central, que serve de referência para liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, e, nesta quarta-feira, os comprados em dólar (que apostam na valorização da moeda norte-americana) pareceram prevalecer.

"Movimento técnico, com os agentes deste mercado já se posicionando para a disputa da Ptax de amanhã", disse Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, sobre a inversão do sinal do dólar para positivo nesta quarta-feira.

O BC tem divulgado as taxas de fechamento diárias da Ptax --normalmente divulgadas por volta das 13h-- com atraso nos últimos dias.

A publicação de vários dados tem sido afetada por operação padrão de servidores do BC, que pedem reajuste salarial. O dado do fluxo cambial semanal, que era aguardado para as 14h30 desta quarta, foi adiado pela segunda semana seguida, dessa vez sem precisão de nova data. As notas de fevereiro do balanço de pagamentos, do desempenho fiscal do setor público e do crédito com divulgação marcada para esta semana também foram adiadas

Ao contrário do observado no mercado doméstico, o dólar caiu com força no exterior nesta quarta-feira, com seu índice frente a uma cesta de rivais fortes perdendo 0,6%. Algumas moedas pares do real, como rand sul-africano e peso mexicano, registraram ganhos ao longo do pregão.

O foco do dia recaiu novamente sobre as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, mas, desta vez, com maior ceticismo dos investidores em relação às promessas de Moscou. Na véspera, a Rússia havia prometido reduzir suas operações militares em torno de Kiev e da cidade de Chernihiv, no norte da Ucrânia, mas os bombardeios continuaram nesta quarta-feira.

Isso impulsionou os preços do petróleo, com a commodity do tipo Brent fechando a sessão em alta de quase 3%, a 113,54 dólares por barril. Contratos futuros de produtos agrícolas, como milho, trigo e soja, também subiram.

"No mercado de câmbio, os altos preços das commodities são favoráveis ​​a moedas latino-americanas, mas os temores sobre a Covid na China são um risco crescente", ponderaram analistas do Citi em relatório.

A segunda maior economia do mundo está enfrentando o pior ressurgimento de casos de Covid-19 desde o início de 2020, com Xangai, de 26 milhões de habitantes e centro financeiro da China, em lockdown.

Apesar da alta desta quarta-feira, o dólar ainda acumula queda de 7,19% em março, prestes a registrar seu pior desempenho mensal desde outubro de 2018 (-7,79%). No trimestre, sua desvalorização até agora é de 14,14%, o que configuraria a baixa mais intensa desde o período de abril a junho de 2009 (-15,81%).

Em 2022, a divisa dos EUA perde mais de 14%. O real é líder global de desempenho no período entre uma cesta de mais de 30 divisas, apoiado, além das commodities, pelo patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 11,75%.

Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.

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