Lula diz que espera encontrar com Trump e que enviou carta convidando para COP30
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta sessão, na esteira da queda da divisa norte-americana frente a moedas emergentes e dos ganhos na bolsa brasileira, enquanto os investidores domésticos navegavam por incertezas relacionadas à entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Às 11h21, o dólar à vista caía 0,55%, a R$5,4753 na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,70%, a R$5,503 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo o recuo do dólar ante moedas de países emergentes, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso colombiano, que eram impulsionadas pelos preços mais altos do petróleo.
O petróleo tipo Brent subia 0,83%, a 68,2 dólares por barril.
Também pressionando a moeda dos EUA, operadores reforçavam ainda mais as apostas de que o Federal Reserve retomará os cortes na taxa de juros a partir de setembro, após mais uma autoridade do banco central argumentar de forma favorável ao ajuste da política monetária.
Mais cedo, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o banco pode precisar cortar os juros no curto prazo em resposta à desaceleração da economia norte-americana, acrescentando que duas reduções de juros neste ano seriam "razoáveis".
Nesta semana, a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, já havia dito à Reuters que, dadas as crescentes evidências de que o mercado de trabalho dos EUA está enfraquecendo, o momento para corte de juros está se aproximando.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,32%, a 98,420.
Na cena doméstica, os ganhos na bolsa brasileira também ajudavam a impulsionar o real, fomentando os fluxos de entrada de capital estrangeiro no país. O Ibovespa avançava 1,28%, a 134.851,72 pontos nesta quarta-feira.
As negociações do mercado seguem, ainda, sendo impactadas pelas incertezas relacionadas ao impasse entre Brasil e EUA.
Uma dúvida é se haverá novas isenções para a tarifa de 50% dos EUA a serem anunciadas por Trump, depois que na semana passada ele excluiu produtos como aeronaves, energia e suco de laranja da taxa punitiva. Cerca de 36% das exportações do Brasil aos EUA estão recebendo a taxa de 50% no momento.
Os investidores ainda ponderam se haverá reação de Trump à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar na segunda-feira a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, por violações de medidas cautelares impostas a ele.
Quando anunciou a tarifa sobre produtos do Brasil no mês passado, Trump vinculou a medida, entre outros assuntos, ao tratamento que Bolsonaro vinha recebendo do STF em seu julgamento por tentativa de golpe de Estado.
"Um ponto de preocupação é que as sanções recentes dos EUA e as tarifas foram explicitamente vinculadas a insatisfações em relação a processos judiciais no Brasil. Então, investidores temem que possa haver novas escaladas das tensões", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O mercado doméstico também aguarda a apresentação de um plano de contingência pelo governo que buscará prestar assistência a setores e empresas afetadas pela tarifa dos EUA.
Mais cedo nesta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote de ajuda incluirá crédito para empresas e aumento de compras governamentais, acrescentando que conversará na semana que vem com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para tratar do impasse comercial.