Dólar avança após governo aumentar alíquotas no IOF

Publicado 23.05.2025, 09:19
Atualizado 23.05.2025, 10:05
© Reuters. Casa de câmbio em São Paulon05/03/2020. REUTERS/Rahel Patrasso

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista avançava ante o real nesta sexta-feira, a caminho de fechar a semana com ganhos, à medida que os investidores repercutiam o anúncio pelo governo na véspera de aumento nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), com um recuo parcial da iniciativa detalhado nesta manhã.

Às 9h50, o dólar à vista subia 0,74%, a R$5,7029 na venda. Na semana, a moeda acumula alta de 0,6%

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 1,16%, a R$5,696 reais na venda.

O governo anunciou na tarde de quinta-feira elevações do IOF com impacto sobre empresas, operações de câmbio e previdência privada, com previsão de arrecadação de R$20,5 bilhões em 2025 e R$41 bilhões em 2026, medida que, ao lado de uma contenção das despesas orçamentárias também anunciada na quinta, contribuiria para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero neste ano.

Durante a noite, entretanto, o governo recuou de parte das medidas anunciadas, em mudança que deve reduzir o ganho de arrecadação em aproximadamente R$6 bilhões até 2026. Um novo decreto foi publicado na manhã desta sexta-feira no Diário Oficial da União.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a revisão pontual se deu para evitar "especulações" sobre uma inibição de investimentos ou outras mensagens que divergissem do objetivo do governo.

"Nós entendemos que, pelas informações recebidas, valia a pena fazer uma revisão desse item para evitar especulações sobre objetivos que não são próprios da Fazenda nem do governo, de inibir investimento fora, não tinha nada a ver com isso", afirmou mais cedo em pronunciamento à imprensa.

De acordo com analista ouvido pela Reuters, a reação negativa do mercado ao anúncio, que pressionava o real nesta sessão, tem relação com a comunicação da medida, e não necessariamente com o conteúdo em si após os recuos.

O governo fez o anúncio no mesmo dia que divulgou o bloqueio de R$31,3 bilhões em despesas de ministérios a fim de garantir o cumprimento da meta de déficit zero e das regras do arcabouço fiscal.

"O governo encarou de frente uma questão difícil, relacionada ao ajuste fiscal, e sabemos da dificuldade e do desgaste político para isso. Novamente, por uma falha na estratégia de comunicação, o que era para ser bom ficou ruim", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

"Impressão nossa era que inviabilizaria o câmbio no varejo. Então, o mercado digeriu muito mal isso. Esse aumento de IOF soou como desespero e o mercado interpretou como uma tentativa de controle excessivo sobre saída de dólares do país", completou.

Para Bergallo, a "correção de rota foi absolutamente bem vinda".

No cenário externo, as tensões comerciais voltavam à tona após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar mais cedo que seu governo pode impor tarifa de 25% sobre a Apple (NASDAQ:AAPL) para iPhones vendidos mas não fabricados no país e que recomendou uma taxa de 50% sobre a União Europeia a partir de 1º de junho.

A política comercial dos EUA tem sido o grande fator para a tomada de decisões de investidores neste ano, com analistas temendo que as altas taxas de Trump sobre alguns dos principais parceiros comerciais possam provocar uma recessão global.

As preocupações fiscais com a maior economia do mundo também continuam no radar, após a Câmara dos Deputados dos EUA aprovar na véspera uma legislação tributária que pode acrescentar trilhões de dólares à dívida do país.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,60%, a 99,311.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.