Por Peter Nurse
Investing.com – O dólar operava em alta no exterior nesta sexta-feira pela manhã, após a divulgação de mais um relatório mostrando que a inflação segue aquecida nos EUA, enquanto a libra esterlina se desvalorizava, depois de fortes ganhos ao longo da noite, em meio à especulação de que o governo britânico recuará em relação aos seus planos de cortar impostos sem previsão orçamentária.
Às 10h24 de Brasília, o Índice Dólar, que rastreia a moeda americana contra uma cesta de seis divisas, avançava 0,26%, a 112,54, estabilizando-se após um recuo de 0,5% desde a sessão de ontem.
Os investidores pareciam descartar dados que mostraram que os preços ao consumidor nos EUA subiram mais do que o esperado em setembro, em vista da forte valorização dos mercados acionários globais e da melhora no sentimento de risco.
A moeda americana vem mostrando força em decorrência do aumento da inflação, dos temores de uma recessão e de preocupações em relação às políticas dos bancos centrais mundiais, diminuindo o apetite para o risco.
O dólar deve seguir se valorizando até o encerramento da atual desaceleração da economia mundial, na avaliação do Citigroup (NYSE:C).
“Acreditamos que, para o dólar atingir um topo, é preciso que o crescimento mundial toque o fundo primeiro”, declararam os analistas do banco. “É necessário haver uma mudança de narrativa, a fim de alterar a trajetória do dólar.”
Já a libra esterlina recuava 0,77%, para 1,1242 contra o dólar, após uma forte valorização ao longo da noite, diante de notícias de virada na posição do governo britânico em relação à adoção de grandes renúncias fiscais sem a devida previsão no orçamento.
O ministro da economia, Kwasi Kwarteng, adiantou seu retorno de uma viagem a Washington no fim de quinta-feira, em meio a notícias de que a primeira-ministra Liz Truss está considerando reverter o controverso “miniorçamento” anunciado pelo governo.
O mercado de títulos do Reino Unido e a libra esterlina foram duramente impactados por anúncio de financiamento dos planos de cortes de impostos com emissão de dívidas, o que obrigou o Banco da Inglaterra a intervir nas negociações, a fim de restaurar a ordem, anunciando um programa de compras emergenciais de papéis governamentais, o qual deve se encerrar no fim desta sexta-feira.
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O euro, por sua vez, recuava 0,09% perante a moeda americana, a 0,9765, após o índice de preços no atacado da Alemanha disparar em setembro, com um salto de 19,9% no ano e de 1,6% no mês, sobretudo devido aos custos mais altos das matérias-primas e produtos intermediários.
Os números se seguiram à divulgação de dados de inflação ao consumidor no país, na quinta-feira, que tiveram um aumento de 10,9% ano a ano, em bases harmonizadas para fins de comparação com outros países europeus, aumentando ainda mais a pressão para que o Banco Central Europeu continue elevando as taxas de juros.
O iene caía 0,41%, a 0,6764 contra o dólar, abaixo da mínima de 32 anos tocada na sessão anterior, enquanto os investidores continuavam de olho na possível intervenção de autoridades japonesas, a fim de respaldar a moeda do país.