Dólar cai à casa dos R$5,43 após dados de inflação e aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara

Publicado 10.11.2021, 09:14
Atualizado 10.11.2021, 11:41
© Reuters. Maço de notas de 5 dólares
26/03/2015
REUTERS/Gary Cameron

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar aprofundou as perdas nesta quarta-feira, chegando a entrar na casa dos 5,43 reais nas mínimas do dia, deixando o real com o melhor desempenho do dia entre as principais moedas globais após dados de inflação domésticos mais fortes do que o esperado elevarem as expectativas de aceleração do ritmo de aperto monetário do Banco Central.

Às 11:34, o dólar recuava 0,75%, a 5,4500 reais na venda, após chegar a tocar 5,4362 reais na mínima do dia, queda de 1%. O dólar futuro de maior liquidez caía 0,64%, a 5,464 reais.

Depois de operar perto da estabilidade nos primeiros minutos de negociação, a moeda norte-americana começou a acelerar sua desvalorização pouco antes das 10h (horário de Brasília). Mais cedo, o IBGE havia informado que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,25% em outubro, após alta de 1,16% no mês anterior, alcançando a maior variação para o mês desde 2002 (1,31%).

Em 12 meses, a alta foi a 10,67%, de 10,25% em setembro, resultado mais forte desde janeiro de 2016 (+10,71%). A leitura veio acima da expectativa de economistas consultados pela Reuters, que esperavam avanço de 1,05% na base mensal e de 10,45% em 12 meses.

Com a leitura "significativamente mais alta do que o esperado" para outubro, o Goldman Sachs (NYSE:GS) afirmou em relatório desta quarta-feira que espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC promova elevação de pelo menos 150 pontos-base da taxa Selic em seu próximo encontro, apontando probabilidade de 20% de aumento ainda mais intenso.

Atualmente, os juros básicos estão em 7,75% ao ano. Custos mais altos dos empréstimos no Brasil tendem a favorecer o real, uma vez que tornam os retornos do mercado de renda fixa doméstico mais atraentes para investidores estrangeiros.

Neste pregão, investidores também repercutiam a notícia de que a Câmara dos Deputados aprovou a PEC dos Precatórios em segundo turno. A medida é prioritária para o governo, por abrir espaço fiscal para viabilizar o pagamento do novo programa social Auxílio Brasil. Agora, a PEC deve ir ao Senado, onde precisa ser aprovada por 49 dos 81 senadores em dois turnos de votação para entrar em vigor.

Há entre alguns participantes do mercado financeiro a percepção de que o governo vai, de qualquer maneira, fornecer auxílio à população no valor mínimo de 400 reais por família em 2022, ano eleitoral.

Em meio a receios de que a administração do presidente Jair Bolsonaro pudesse adotar medidas muito drásticas para permitir esses pagamentos, como declarar estado de calamidade, a PEC dos Precatórios é vista como a melhor alternativa disponível no momento, embora altere regras do teto de gastos do país -- considerado importante âncora fiscal.

Nos Estados Unidos, dados desta manhã mostraram que o índice de preços ao consumidor subiu 0,9% no mês passado, após alta de 0,4% em setembro, segundo o Departamento do Trabalho. Nos 12 meses até outubro, o índice aumentou 6,2%, o maior avanço anual desde novembro de 1990, após salto de 5,4% em setembro.

O dólar ganhou força globalmente na esteira dos números. No mercado de câmbio doméstico, a moeda norte-americana até chegou a recuperar algum terreno frente ao real imediatamente após a divulgação, mas os fatores domésticos favoráveis à divisa brasileira pareciam prevalecer.

Arthur Lula Mota, da equipe de estratégia e macro do BTG Pactual (SA:BPAC11), disse em post no Twitter que os dados de inflação dos EUA desta quarta-feira podem elevar a pressão sobre o Federal Reserve em relação a sua conduta de política monetária, com os mercados elevando as apostas em aumentos dos juros mais cedo do que o esperado na maior economia do mundo.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista caiu 0,91%, a 5,4911 reais na venda.

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