Por Peter Nurse
Investing.com — A libra esterlina operava em alta nesta terça-feira, recuperando parte das perdas depois de atingir a mínima histórica contra o dólar, com os operadores parando para respirar um pouco após algumas sessões voláteis.
Às 8:20 de Brasília, a libra se valorizava 1,09%, para 1,080, frente à moeda americana, repicando desde o fundo recorde de 1,0327 na segunda-feira, graças à tentativa do presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, de acalmar os mercados, declarando que a instituição elevaria os juros tanto quanto fosse necessário na próxima reunião.
A moeda britânica passou a se enfraquecer depois que o ministro da economia, Kwasi Kwarteng, revelou, na sexta-feira, o maior pacote de corte de impostos do país em meio século, a ser financiado, ao que tudo indica, por uma enorme emissão de dívidas, mesmo diante de uma desaceleração do crescimento e de um déficit duplo do governo.
Contudo, persistem dúvidas quanto à continuidade da valorização da libra a partir de agora, uma vez que Bailey descartou a possibilidade de um aumento emergencial de juros por enquanto.
“É pouco provável que haja uma reversão total da política fiscal do novo governo britânico, que acaba de assumir e revelar um conjunto de cortes tributários e medidas de liberalização”, disseram os analistas do ING em nota. “Alguns defendem que o Banco da Inglaterra, como guardião da estabilidade dos preços, deveria entrar em cena com um grande aumento de juros entre as reuniões marcadas. Acreditamos que o BC inglês está psicologicamente abalado com os eventos de 1992 para tentar realizar uma alta das taxas por causa do câmbio”.
Além disso, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) não demonstra qualquer sinal de que irá retroceder em relação ao seu posicionamento agressivo para debelar a inflação, no futuro próximo.
A presidente da sucursal do Fed em Cleveland, Loretta Mester, afirmou, na segunda-feira, que o banco central americano deveria elevar os juros e levar a cabo uma política monetária restritiva, além de defender que, em caso de erro, era melhor que o Fed se equivocasse para mais, e não para menos.
O índice dólar, que compara a moeda dos EUA a uma cesta de seis divisas, recuava 0,31%, a 113,75, não tão distante do pico de 114,58 alcançado na segunda-feira, seu patamar mais forte desde maio de 2002.
Nesta semana, diversos dirigentes do BC dos EUA irão se pronunciar, com destaque para Charles Evans mais tarde durante a sessão. Além disso, a expectativa é que a confiança do consumidor nos EUA, medida pelo Conference Board, suba de 103,2 para 104,5 hoje, enquanto as encomendas de bens duráveis devem ter registrado um recuo de 0,4% no mês de agosto.
O euro se valorizava 0,27% frente ao dólar, para 0,9632, recuperando-se desde a mínima de 20 anos tocada na segunda-feira, graças à presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, que declarou que a instituição iria elevar mais os juros durante as “próximas reuniões”, na tentativa de conter a alta da inflação.
Já o iene subia 0,26% contra a moeda americana, para 144,38, ao passo que o dólar australiano, mais sensível ao risco, valorizava-se 0,7%, para 0,6501, contra a divisa dos EUA, ao mesmo tempo em que o iuane recuava 0,1%, para 7,1552, um pouco abaixo da máxima de dois anos de 7,1699, após dados mostrarem que os lucros industriais da China tiveram uma queda pelo segundo mês consecutivo em agosto, em meio aos contínuos transtornos provocados pelos bloqueios sanitários relacionados à Covid.
O florim húngaro operava em alta de 0,6% contra o dólar, para 421,90, antes da última reunião do banco central do país, que deve elevar a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 12,75%, nova máxima na União Europeia.