Por Gavin Jones e Giuseppe Fonte
ROMA (Reuters) - Líderes financeiros do G7 reúnem-se na Itália nesta semana para tentar encontrar um consenso sobre a antecipação de ganhos em cima de ativos russos para impulsionar o financiamento das operações de guerra da Ucrânia e fazer frente à força de exportação cada vez maior da China em setores chaves, afirmaram autoridades.
Ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo das sete democracias mais ricas - Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá - se encontrarão na cidade de Stresa entre sexta-feira e sábado.
Negociadores do G7 têm discutido há semanas a melhor maneira de explorar cerca de 300 bilhões de dólares em ativos financeiros russos, como moedas e títulos do governo, que foram congelados pouco depois de Moscou invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Os Estados Unidos estão pressionando para encontrar uma maneira de antecipar a renda futura desses ativos para apoiar um empréstimo que poderia proporcionar até 50 bilhões de dólares no curto prazo.
No entanto, várias autoridades de países do G7, incluindo os EUA, disseram que vários aspectos técnicos e legais precisam ser resolvidos e que não há expectativa de que um acordo detalhado seja firmado em Stresa.
“Não estamos atrás de termos de compromissos durante o fim de semana”, disse uma autoridade sênior do Tesouro dos EUA, referindo-se a documentos legais que descrevem termos básicos e condições de investimentos.
Ao contrário, a autoridade afirmou, sob condição de anonimato, que os ministros do G7 estão tentando construir um consenso em torno de um plano que daria à Ucrânia dinheiro suficiente para atender necessidades militares e civis de médio prazo e sinalizaria à Rússia que ela “não consegue durar mais” do que as potências ocidentais financeiramente.
As negociações buscarão apresentar uma proposta aos chefes de governo do G7, que se reunirão na Puglia, sul da Itália, entre 13 e 15 de junho.
Quem administraria esse empréstimo - o Banco Mundial ou outro órgão -, como ele seria garantido, como futuros lucros podem ser estimados e o que aconteceria se houver um acordo de paz com a Rússia são aspectos que ainda precisam ser esclarecidos.
Autoridades europeias estão especialmente cautelosas. Um diplomata da UE disse que levará “semanas, talvez meses” para chegar a uma decisão final.
“IMPLICAÇÕES LEGAIS”
A Itália tem a presidência do G7 neste ano e seu ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, disse na semana passada que as propostas dos EUA para o uso dos ativos russos têm “implicações legais bastante sérias” que ainda precisam ser esclarecidas.
A Rússia alertou várias vezes o Ocidente sobre as consequências se seus ativos forem tocados e acusou Washington de pressionar a Europa a tomar medidas mais radicais para frustrá-la na Ucrânia.
As perspectivas do comércio global serão outro tópico central em Stresa, após os EUA revelarem aumentos acentuados de tarifas sobre uma série de importações chinesas, incluindo baterias de veículos elétricos, chips de computadores e produtos médicos.
(Reportagem adicional de David Lawder em Washington e Julia Payne em Bruxelas)