Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - Analistas consultados pelo Banco Central subiram sua projeção para o nível da Selic ao fim deste ano, prevendo agora uma alta de 50 pontos-base nos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em novembro, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que os analistas veem a taxa básica de juros, atualmente em 10,75% ao ano, fechando 2024 em 11,50%, ante 11,25% na semana anterior. Em 2025, eles mantiveram a expectativa de que a Selic cairá para 10,50%.
A mudança na projeção ocorre na esteira da decisão do Copom na semana passada, em que os membros da autarquia votaram de forma unânime por um aumento de 25 pontos-base na Selic, destacando uma atividade econômica superaquecida e vendo riscos elevados de aceleração na inflação.
Segundo analistas, o comunicado divulgado pelo Copom após a decisão foi "duro" e "hawkish" (agressivo contra a inflação), gerando a percepção entre participantes do mercado de que a autarquia será mais agressiva do que o esperado anteriormente em seu novo ciclo de aperto monetário.
Na quarta-feira, as atenções estarão voltadas para a divulgação de números do IPCA-15 de setembro, com economistas consultados pela Reuters prevendo uma alta de 0,29% no índice, de 0,19% no mês anterior. Em 12 meses, a expectativa é que o número chegue a 4,29%, ante 4,35% em agosto.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que as projeções para a alta do IPCA e a expansão do PIB neste ano subiram novamente.
Em 2024, a mediana das projeções aponta que a inflação fechará o ano em 4,37%, a décima semana consecutiva de aumento da previsão, de 4,35% há uma semana. Para o próximo ano, a expectativa é que o IPCA atinja alta de 3,97%, de 3,95% anteriormente.
A projeção para a expansão da economia brasileira chegou a 3,00% neste ano, a sexta semana consecutiva de aumento, de 2,96% antes. Em 2025, o país deve crescer 1,90%, segundo os analistas, mesma previsão de uma semana atrás.
Os economistas ainda mantiveram as projeção para o preço do dólar neste ano e no próximo, a 5,40 reais e 5,35 reais, respectivamente.