O dólar operou em alta ante moedas rivais nesta quinta-feira, 15, em dia de cautela nos mercados internacionais. Investidores ficaram atentos a comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), incluindo do presidente Jerome Powell, em seu segundo dia de testemunho ao Congresso dos Estados Unidos.
O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante seis pares, subiu 0,23%, aos 92,624 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1812, enquanto a libra cedia a US$ 1,3815, devolvendo ganhos de mais cedo. No mesmo horário, o dólar caía a 109,82 ienes.
Após discursar e responder perguntas de deputados em sessão da Câmara dos Representantes ontem, Powell falou ao Senado americano hoje, e adotou tom mais cauteloso quanto à trajetória da inflação nos EUA. Segundo ele, o nível de preços no país está em um patamar desconfortável, "bem acima da meta" do Fed, que é de 2% a médio prazo. O banqueiro central, no entanto, reiterou que vê a atual política acomodatícia do Fed como apropriada.
Já o presidente da distrital de St. Louis do Fed, James Bullard, disse à Bloomberg TV que já enxerga condições favoráveis para iniciar o "tapering", como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos monetários. Segundo ele, seria adequado o Fed diminuir as compras de ativos em breve para evitar um choque nos mercados à frente, em face de uma possível reação repentina da entidade à alta inflacionária.
Ainda entre dirigentes do BC americano, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, adotou postura mais dovish e rechaçou a possibilidade de elevar os juros nos EUA, "a menos que a inflação exija". Ele ainda disse preferir esperar por mais evolução no mercado de trabalho americano antes de começar a apertar a acomodação financeira.
A queda de 26 mil no número de pedidos por auxílio-desemprego nos EUA na semana passada também apoiou o dólar, de acordo com o analista sênior Joe Manimbo, do Western Union. "Embora o recuo seja encorajador, os pedidos de seguro-desemprego ainda estão em níveis elevados, o que reforça a visão do Fed de que a recuperação plena ainda está um pouco distante", comenta o economista, em relatório a clientes.
Com a perspectiva de que a economia americana cresça mais do que a de outros países desenvolvidos nos próximos meses, o Danske Bank decidiu manter a sua previsão de que o dólar se fortalecerá ante o euro no segundo semestre de 2021. "O endurecimento das condições de liquidez global, expectativas de pico de inflação e uma forte recuperação dos empregos nos EUA" apoia a projeção, segundo avaliou o banco em relatório.
A libra se fortalecia ante a moeda americana no começo da sessão de hoje, após o dirigente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) Michael Saunders afirmar que logo poderá ser "adequado" que a instituição comece a retirar parte de seus estímulos monetários, seja reduzindo compras de ativos ou elevando juros. O movimento, no entanto, não se sustentou durante a tarde em meio à busca por ativos seguros.
Entre moedas emergentes, o peso chileno marcou forte queda ante o dólar hoje, após o Banco Central do Chile elevar em 25 pontos base a taxa básica de juros no país. A decisão, divulgada na noite de ontem, foi tomada após votação forma unânime, segundo a autoridade monetária. Às 16h50 (de Brasília), o dólar subia a 757,90 pesos.