O dólar operou em alta ante moedas rivais nesta terça-feira, apesar de resultados abaixo do esperado de indicadores macroeconômicos nos Estados Unidos. Segundo analistas, o dólar ainda se recupera da forte queda da última sexta-feira, enquanto incertezas sobre a perspectiva econômica da China, a variante delta do coronavírus e a crise geopolítica no Afeganistão seguem dando suporte à divisa americana. Investidores ainda ficaram à espera da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que sai na quarta-feira.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em alta de 0,54%, aos 93,130 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1714, a libra depreciava a US$ 1,3740, enquanto o dólar subia a 109,59 ienes.
A moeda dos EUA se fortaleceu hoje mesmo com a queda de 1,1% entre junho e julho das vendas no varejo do país. O ING avalia que um recuo era esperado e não representa uma "calamidade", enquanto a Capital Economics vê impactos da variante delta coronavírus nos hábitos recentes de consumidores americanos.
Incertezas por conta do recrudescimento da pandemia de covid-19 seguem dando suporte ao dólar, segundo avalia o analista sênior Joe Manimbo, do Western Union. Em relatório a clientes, ele ainda cita a perspectiva econômica pouca clara da China e o risco geopolítico por conta da crise no Afeganistão também contribuem para a divisa americana no mercado cambial.
Além do dado de varejo, a produção industrial dos EUA cresceu 0,9% no mesmo período, enquanto o índice de confiança das construtoras no país recuou a 75 em agosto.
Para o Brown Brothers Harriman, o dólar seguiu em ritmo de recuperação hoje, após a queda da última sexta-feira em reação à forte recuo na confiança do consumidor americano. "Acreditamos que os mercados reagiram de forma exagerada ao dado e esperamos que o dólar continue recuperando algumas de suas perdas recentes", diz o banco.
Principal componente do DXY, o euro se enfraqueceu nesta terça, mesmo após o Produto Interno Bruto da zona do euro ter crescido 2,0% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, confirmando a previsão de analistas. Para Joe Manimbo, é esperado que a moeda comum perca força ante o dólar, uma vez que investidores esperam um Banco Central Europeu (BCE) mais lento na normalização de sua política monetária em comparação ao Fed.
Amanhã, o mercado ficará de olho na divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que ocorreu no mês passado. Segundo a NatWest, o foco estará em eventuais dicas sobre os critérios dos dirigentes para o início do aperto monetário nos EUA.
Durante evento nesta terça-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, não deu sinalizações claras sobre a política do BC americano. De acordo com ele, a pandemia de covid-19 ainda afeta a atividade nos EUA, mas ainda não está claro como a variante delta impactará a economia do país.
Entre moedas de emergentes, o peso colombiano se enfraqueceu ante o dólar, seguindo a maioria de suas moedas pares, apesar do PIB da Colômbia ter avançado 17,6% no 2º trimestre de 2021 ante igual período de 2020. Na comparação com o trimestre anterior, porém, houve queda de 2,4%. Por volta das 17h00 (de Brasília), o dólar avançava a 3.880,00 pesos.