Petróleo cai com impacto limitado de sanções à Rússia
Investing.com — Os analistas do Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) rebaixaram as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) de “Compra” para “Neutra”, reduzindo o seu preço-alvo. Em relatório divulgado a clientes na última sexta-feira (6), o novo preço-alvo para as ações preferenciais recuou de R$ 42 para R$ 34, enquanto, para as ADRs negociadas em Wall Street, foi reduzido de US$ 15,50 para US$ 12,50.
As mudanças de recomendação e de preço-alvo “refletem uma perspectiva macro mais desafiadora e elevação de riscos regulatórios”. Esse cenário implica, na visão do BofA, alta no WACC (sigla em inglês para Custo Médio Ponderado de Capital), de 14,8% para 15,4%.
As ações preferenciais da Petrobras abriram em baixa de 1,75%, a R$ 29,11 às 10h24 desta segunda-feira, enquanto as ADRs eram negociadas com baixa de 2,30%, a US$ 11,06.
Macro desafiador
Os analistas do BofA citaram a nova orientação da Opep+ de elevar a produção de petróleo para recuperar participação de mercado. Essa política ocorre mesmo em um ambiente de preço internacional da commodity em patamares baixos.
Outro ponto citado são as tarifas de importação adotadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que devem pesar nas expectativas de crescimento econômico global. Essas incertezas devem exercer, junto com a nova orientação da Opep+, pressões baixistas sobre o preço do petróleo.
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Elevação no risco regulatório
A dificuldade do governo em atingir as metas fiscais poderia ter o setor de óleo e gás como alvo. Há especulações sobre a adoção de um “pacote petróleo” para compensar a alta anunciada anteriormente sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Ou seja, o governo federal poderia elevar a arrecadação via aumento de royalties, imposto de participação especial, mudança no preço referencial do petróleo, leilões e unitização do campo de Jubarte. No caso da unitização, o banco americano estima um impacto de R$ 2 bilhões, o equivalente a 0,5% da capitalização da Petrobras.
Os analistas do BofA calculam que o “pacote petróleo” pode impactar negativamente o fluxo de caixa livre da Petrobras. Além disso, elevaram o prêmio de risco da estatal de 7% para 7,5%.
Dessa forma, o custo de equities do BofA para as ações da Petrobras subiu de 18% para 18,8%. Também foi considerada a possibilidade de um ajuste de alta no pagamento de leasing na comissão de novas plataformas.
Dividendos em risco?
O BofA projeta que os dividendos da Petrobras devem continuar em dois dígitos em 2025 e em 2026, mas sem um diferencial competitivo amplo em relação a outras petrolíferas. Os cálculos do banco americano apontam para um dividend yield de 12,2% neste ano e de 12,3% no ano que vem, sob as premissas de um preço do barril de petróleo em US$ 67,00 (2025) e US$ 63 (2026), com geração de fluxo de caixa livre de 9,8% (2025) e 11,1% (2026).
O dividend yield deve continuar cerca de 2 pontos percentuais acima do de seus concorrentes internacionais, porém está longe do pico do diferencial entre 35% e 45% registrado em 2022.
Há um alerta levantado pelos analistas do BofA, que estimam que o dividend yield poderá exceder a geração de fluxo de caixa sob a atual política de dividendos da Petrobras. Esse cenário pode se concretizar se os preços do barril de petróleo permanecerem em patamar baixo por um período prolongado, sem perspectiva de recuperação, o que pode levar a uma revisão da política de dividendos pela diretoria da Petrobras para prevenir deterioração na alavancagem da companhia.
Petrobras será beneficiada com o “Trade Eleição”?
Os analistas do BofA consideram que a probabilidade de viabilidade eleitoral de um candidato mais amigável ao mercado ainda é prematura, embora ressaltem que deve ganhar força no fim do ano. Essa narrativa deve se fortalecer com o mercado monitorando a crescente avaliação negativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de opinião pública.
As ações da Petrobras podem se beneficiar do “Trade Eleição”, mas com ganhos limitados. “Acreditamos que papéis ligados à economia interna devem oferecer retornos melhores”, dizem os analistas do banco americano, citando os riscos macro e regulatórios para a Petrobras.