Por Victoria Waldersee
DAVOS, Suíça (Reuters) - O Brasil precisará realocar moradores de áreas repetidamente atingidas por tempestades e outros desastres potencializados pela mudança climática, disse à Reuters nesta quarta-feira a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em Davos, na Suíça.
A expectativa é que a mudança climática global torne certas áreas inabitáveis e impulsione a migração de centenas de milhões ou bilhões de pessoas até 2050 no mundo todo, à medida que precisam fugir do aumento do nível do mar, da seca, das enchentes e de outros desastres.
Para Marina, o Brasil já precisa começar a planejar ações e a transferência de alguns cidadãos de áreas vulneráveis.
"Tem determinadas situações em que a gente vai precisar fazer remoção de população. Os novos investimentos precisarão acontecer, considerando os extremos climáticos. É um processo de adaptação", disse a ministra em entrevista à margem do Fórum Econômico Mundial.
Ela mencionou como exemplo áreas do Rio Grande do Sul, onde enchentes ocorreram repetidamente no ano passado e mataram dezenas de pessoas. Nesta semana novos alagamentos voltaram a ser registrados no Estado.
"No Rio Grande do Sul, nós tivemos famílias que foram afetadas pelas enchentes três vezes em um ano. Não adianta você reconstruir a casa no mesmo lugar, ou reconstruir aquele comércio, ou aquela empresa, ou aquela... enfim, é algo muito complexo."
Segundo Marina, o governo federal está trabalhando para decretar emergência climática em mais de 1.000 municípios do país -- áreas vulneráveis, sujeitas a risco climático extremo --, o que permitirá a liberação de fundos para ajudar essas regiões a se adaptarem às mudanças climáticas.
"O Brasil é um país em desenvolvimento, não tem recursos para fazer um processo estruturante de adaptação da noite para o dia. São investimentos altamente caros, onerosos."