Investing.com – O aumento de capital anunciado pela BRF (BVMF:BRFS3) foi considerado positivo pelos analistas e mostra comprometimento do acionista controlador, diante de perspectiva de melhorias da estrutura financeira, com liquidez adicional para enfrentar possíveis adversidades. Além disso, a estratégia pode garantir maior adesão do mercado da Arábia Saudita e elevar a competitividade no Oriente Médio.
A companhia anunciou que o Conselho de Administração aprovou uma oferta primária de 500 milhões de novos papéis, a R$9 cada. A Marfrig (BVMF:MRFG3) e um fundo soberano árabe devem aportar, em conjunto, um total de R$4,5 bilhões na produtora de alimentos.
As ações da BRF subiam 2,21% às 11h10 (de Brasília) desta quinta-feira, 01, a R$8,31, enquanto as da Marfrig estavam em alta de 0,15%, a R$6,65.
Após o anúncio, o banco BTG (BVMF:BPAC11), que possui classificação neutra para ambos os papéis, divulgou relatório aos clientes e ao mercado em que afirma que a estratégia “mata dois pássaros com uma pedra” e a oferta subsequente anunciada diminui a alavancagem líquida da BRF em um quarto.
O BTG considera o plano positivo e encorajador. “Não é segredo neste momento que achamos que a BRF precisa de mais capital, com excesso de endividamento, o que não só tem dificultado sua capacidade de competir, como também a capacidade de focar nas operações. O endividamento até ofuscou o programa de eficiência levado a cabo pela nova equipa de gestão”.
Na visão dos analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, o anúncio de uma injeção de capital ainda sinaliza um sólido comprometimento do acionista controlador, além de trazer um novo acionista para sua base, a SALIC, Saudi Agricultural, com apoio simbólico para esse segmento, considerando que a Arábia Saudita é um dos mercados de exportação mais importantes da BRF.
Os analistas ainda ressaltam que os o balanço da Marfrig não será sacrificado, tendo em vista que o Conselho de Administração da companhia também aprovou um aumento de capital, visando estabilizar a sua alavancagem, enquanto injeta recursos na BRF.
O Itaú BBA, por sua vez, avalia que a estrutura de capital deve impulsionar ganhos que estavam comprimidos de forma rápida, enquanto a Marfrig deve ser beneficiada de forma indireta devido à sua participação acionária na BRF.
Os analistas Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto concordam que o acionista controlador da Marfrig parece totalmente empenhado em fortalecer o balanço da BRF – que dá mais um passo em direção ao equilíbrio entre Ebitda e fluxo de caixa.
“A capitalização potencial aproximaria a BRF do FCFE positivo novamente. Ainda acreditamos que tanto a otimização da estrutura de capital quanto os ganhos de eficiência operacional serão necessários para atingir o breakeven, mas a capitalização junto com o plano de desinvestimentos aumentaria o buffer para a empresa entregar os ganhos de eficiência que vem trabalhando há tanto tempo”, detalham.
O Itaú BBA possui classificação market perform para BRF e Marfrig, com preço-alvo definido em R$9 e R$8, respectivamente.