Por Fernando Kallas
DOHA (Reuters) - Cristiano Ronaldo caminhando rapidamente para o túnel em lágrimas e tão desolado como nunca o mundo do futebol o viu será a imagem que ficará para sempre para os torcedores de Portugal sobre a Copa do Mundo no Catar.
Ronaldo, cinco vezes vencedor da Bola de Ouro, chegou com a missão de provar que ainda pode fazer a diferença. Ele acabou, no entanto, sendo colocado no banco de reservas e não teve impacto ao entrar no segundo tempo na derrota de seu time por 1 a 0 nas quartas de final para o Marrocos.
Foi outra história de esperança transformada em decepção, controvérsia e insucesso no maior palco para Ronaldo, que jogou sua quinta Copa do Mundo e esperava que isso o abrisse para novas oportunidades após sua saída do Manchester United.
Portugal está acostumado a ter Ronaldo como o centro das atenções.
Ele é um dos maiores atacantes de todos os tempos, uma figura tão grande que elevou o padrão do esporte em seu país.
Ironicamente, numa seleção portuguesa cheia de jogadores de destaque, Ronaldo foi vítima da abundância de opções que o técnico Fernando Santos tinha à sua disposição.
Maior artilheiro de Portugal com 118 gols em 195 jogos, Ronaldo começou no banco na vitória de 6 x 1 sobre a Suíça na terça-feira, e Gonçalo Ramos, de 21 anos, marcou três gols em apenas seu quarto jogo pelo país.
Ele também ficou no banco contra Marrocos e deixou o torneio como o rosto de um novo fracasso internacional para seu país.
Seu treinador e companheiros de equipe negaram que os problemas de Ronaldo com o Manchester United pouco antes da Copa do Mundo causaram distração no vestiário, mas é difícil acreditar que sua entrevista explosiva na TV não tenha causado impacto no elenco.
O técnico Santos disse após a derrota para Marrocos que não estava arrependido de ter deixado Ronaldo no banco e repetidamente explicou que suas decisões foram táticas, levantando questões sobre se a brilhante carreira de Ronaldo está chegando a um fim amargo.
Antes do Mundial, Ronaldo recusou-se a dizer que o torneio no Catar seria o seu último e já antevia o campeonato europeu de 2024.
É improvável que o jogador de 37 anos se aposente, mas ainda não se sabe onde está seu futuro, com a mídia espanhola e inglesa relatando que ele está se transferindo para o Al Nassr, da Arábia Saudita, em um contrato no valor de 211,65 milhões de dólares por ano.
Santos também negou que esteja deixando o cargo, dizendo que conversará com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol sobre seu futuro.
Com ou sem Ronaldo, o futuro de Portugal pelo menos parece promissor, pois eles têm uma forte geração de talentos com uma boa mistura de jovens como Ramos e João Félix e jogadores de destaque em seu auge, como Bruno Fernandes e Bernardo Silva.