Por James Oliphant e Nathan Layne
GILBERT, Carolina do Sul (Reuters) - Na primeira semana completa da sua campanha presidencial para 2024, o governador da Flórida, Ron DeSantis, trabalhou duro para se definir como candidato aos eleitores -- e tão duro quanto para definir o adversário que está entre ele e a indicação republicana.
Em uma turnê por 12 cidades em três Estados que votam cedo nas primárias, DeSantis, de 44 anos, apresentou os seus argumentos de que é uma alternativa mais conservadora e consistente do que Donald Trump, ex-presidente e atual favorito na disputa do partido.
Trump reagiu, em uma escalada repentina da guerra de palavras entre os dois concorrentes, que não apenas sublinhou as tensões na eleição republicana, mas também deu indicações da estratégia inicial de DeSantis.
Passando por Iowa, New Hampshire e Carolina do Sul nesta semana, o governador continuou a se posicionar como um guerreiro implacável em questões como aborto, imigração, gastos governamentais, crime e direitos LGBTQ+.
Mas, pela primeira vez, DeSantis começou a traçar contrastes fortes em relação a Trump, pintando o ex-presidente como um político que perdeu o rumo e que se tornou uma criatura do governo que ele deveria ter transformado ao fazer concessões com muita facilidade.
A equipe de Trump tentou fazer o mesmo com DeSantis, chamando-o de “fantoche do pântano” e minimizando seus feitos como governador da Flórida. Em um partido no qual ser um outsider político ainda tem muito apelo, nenhum dos dois quer ser taxado como candidato do establishment.
“É por isso que eles estão fazendo isso”, disse David Kochel, operador republicano de campanha veterano em Iowa. “É uma palavra suja”.
A turnê de DeSantis pelos três Estados que realizarão as primeiras votações das primárias republicanas no próximo ano busca rapidamente consolidá-lo como a maior ameaça a Trump.
Ele, no geral, falou em locais com públicos pequenos, mas aglomerados e que o apoiaram, apesar de vários eleitores terem dito à Reuters que ainda não decidiram em quem votarão.
Em seus discursos, DeSantis não criticou Trump por nome e preferiu fazer referências mais opacas, dizendo ao público que ele seria o candidato que “finalmente” protegeria a fronteira dos EUA no sul ou que “liderança” é mais importante do que “construir uma marca”.
É uma maneira de sinalizar aos apoiadores de Trump que ele continuará o seu trabalho, sem antagonizá-los ao insultar o ex-presidente, que ainda tem muitos seguidores ferozmente leais.
Mas, ao conversar com a imprensa, DeSantis baixou a guarda. Ele sugeriu que Trump havia se movido à “esquerda” durante o mandato na Casa Branca e que ele não era mais o mesmo candidato que concorreu à eleição presidencial de 2016.
DeSantis chamou o hábito de Trump de dar apelidos aos adversários de “mesquinho” e “juvenil”, em uma entrevista com uma estação de rádio de New Hampshire nesta quinta-feira.
“Eu não acho que é isso que os eleitores querem e, honestamente, acho que sua conduta, que ele tem adotado há anos, acho que é um dos motivos que ele não está na Casa Branca no momento”, disse DeSantis.
Trump lidera as primárias republicanas, com 49% de apoio. DeSantis aparece na sequência, com 19%, segundo a última pesquisa de opinião Reuters/Ipsos, conduzida em maio.
(Reportagem de James Oliphant, na Carolina do Sul, e Nathan Layne, em New Hampshire)