Por Karen Freifeld e Julia Harte e Tyler Clifford
NOVA YORK (Reuters) - Donald Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos e favorito para ser o candidato republicano em 2024, comparecerá ao tribunal nesta terça-feira e deve ser formalmente acusado, ter suas impressões digitais coletadas e tirar uma foto em um momento decisivo antes da eleição presidencial do ano que vem.
Trump foi indiciado na semana passada, tornando-se o primeiro presidente ou ex-presidente dos EUA a enfrentar acusações criminais, em um caso envolvendo um pagamento clandestino em dinheiro em 2016 para a estrela pornô Stormy Daniels. Ele disse ser inocente e deve se declarar como tal.
Trump se apresentará à Justiça nesta terça-feira em meio a forte esquema de segurança, com manifestações esperadas a favor e contra um homem que irritou oponentes e alguns aliados globais, mas é celebrado por muitos eleitores brancos de baixa renda e cristãos conservadores.
"Temos que retomar nosso país e FAZER A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!", escreveu Trump em seu perfil no Truth Social logo após chegar a Nova York vindo da Flórida na segunda-feira, pedindo aos apoiadores que doem para sua campanha.
A audiência, na qual Trump estará no tribunal para ouvir as acusações, está marcada para 14h15 (15h15 no horário de Brasília) desta terça-feira.
Os advogados de Trump se opuseram a videografia, fotografia e cobertura de rádio, dizendo que iria "exacerbar uma atmosfera já quase circense em torno deste caso", afetando a dignidade e o decoro.
O juiz Juan Merchan decidiu na noite de segunda-feira que cinco fotógrafos serão admitidos antes do início da audiência de acusação para tirar fotos por vários minutos até precisarem se retirar, com câmeras permitidas nos corredores do prédio.
O promotor distrital Alvin Bragg, um democrata, que liderou a investigação, dará uma entrevista coletiva à tarde.
Trump retornará à Flórida e fará comentários a partir de Mar-a-Lago às 20h15 (21h15 no horário de Brasília), segundo seu escritório.
As acusações específicas no indiciamento por um grande júri convocado devem ser divulgadas nesta terça-feira. Trump e seus aliados classificaram as acusações como politicamente motivadas.
O Yahoo News informou na segunda-feira que Trump enfrentará 34 acusações criminais por falsificação de registros financeiros. Citando uma única fonte informada sobre os procedimentos de acusação desta terça-feira, o Yahoo disse que nenhuma das acusações contra Trump é por contravenção.
PROTESTOS E POPULARIDADE
No fim de semana a polícia começou a erguer barricadas perto da Trump Tower – para onde Trump foi na segunda-feira depois de chegar da Flórida – e do edifício da Corte Criminal de Manhattan, com manifestações esperadas em ambos os locais nesta terça-feira.
O prefeito da cidade alertou potenciais agitadores a se comportarem.
"Nossa mensagem é clara e simples: controlem-se. A cidade de Nova York é nossa casa, não um parque para sua raiva inapropriada", disse Eric Adams.
Questionado se estava preocupado com a agitação, o presidente Joe Biden, um democrata que é amplamente esperado para buscar a reeleição e enfrentar uma potencial revanche contra Trump, afirmou: “Não, eu tenho fé no Departamento de Polícia de Nova York”.
A liderança de Trump aumentou sobre os rivais na disputa presidencial do Partido Republicano, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na segunda-feira, realizada após a notícia de que ele enfrentaria acusações criminais.
Cerca de 48% dos autodenominados republicanos querem que Trump seja o candidato presidencial de seu partido, acima dos 44% em uma pesquisa de 14 a 20 de março. O governador da Flórida, Ron DeSantis, oscilou de 30% para cerca de 19%, na segunda colocação.
QUESTÕES LEGAIS
O grande júri de Manhattan que indiciou Trump ouviu evidências durante meses deste ano sobre um pagamento de 130 mil dólares à atriz de filmes adultos Stormy Daniels nos últimos dias da campanha presidencial de 2016.
Daniels disse que foi paga para se manter em silêncio sobre um encontro sexual que teve com Trump em um hotel de Lake Tahoe em 2006. Trump nega ter tido qualquer relacionamento desse tipo com ela.
Uma acusação ou mesmo uma condenação não impedem legalmente Trump de concorrer à Presidência.
A investigação de Manhattan é apenas um dos vários desafios legais relativos a Trump.
Ele também enfrenta uma investigação criminal separada sobre uma suposta tentativa ilegal de anular sua derrota nas eleições de 2020 na Geórgia, e duas investigações de um procurador especial, incluindo sobre o manuseio de documentos confidenciais após deixar o cargo.
(Reportagem adicional de Rich McKay em Palm Beach, Flórida, Tim (BVMF:TIMS3) Reid em Henderson, Nevada; Jonathan Allen, Jeenah Moon e David Dee Delgado em Nova York e Doina Chiacu em Washington)