Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira que o pedido de abertura de processo de impeachment, em análise no Congresso, traz instabilidade política e terá efeitos de longo prazo na estabilidade democrática do país.
Questionada esta manhã em encontro com jornalistas de agências de notícias se o mais difícil este ano seria a reforma da Previdência, que o governo pretende enfrentar, ou o processo de impeachment, a presidente defendeu a reforma, mas destacou a importância da questão do impedimento.
Referindo-se ao tema como "ações golpistas de alguns segmentos da oposição", Dilma disse que ele tem que ser tratado "porque é uma questão que significa instabilidade política".
"Vai ser importante porque não se pode no Brasil achar que você tira um presidente porque não está simpatizando com ele. Isso não é nem um pouco democrático", disse.
"A questão do impechment tem uma repercusão política de longo prazo que é a estabilidade democrática. O que nós fizemos hoje em termos das boas práticas democráticas perdurarão no futuro."
Dilma também mostrou irritação ao ser questionada sobre as denúncias que têm surgido nas últimas duas semanas e aproximaram do Palácio do Planalto as investigações da operação Lava Jato, com citações aos ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, além de haver citações a ela e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A presidente afirmou que as denúncias são "repetições e não tem nenhuma novidade" e que responderá a tudo.
"Nos últimos dias têm havido denúncias, são de vazamentos, não sei nem se as delações são feitas ou não são feitas, de quem é, vazamento de quem. Me permitam dizer o seguinte: nós responderemos, eu especialmente, qualquer coisa em qualquer cirscunstância", afirmou.
Ela desafiou os jornalistas a pedirem todas as informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, peça central da delação premiada do ex-diretor internacional da Petrobras (SA:PETR4), Nestor Cerveró. No resumo de sua delação, uma espécie de prévia do que iria falar, Cerveró citou Dilma no negócio, mas na delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a presidente não é citada.
"Querem a informação, eu dou. Não só o calhamaço, mas todas as atas do conselho da Petrobras", disse.
(Reportagem adicional de Alonso Soto)