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Por Victor Borges
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que as áreas técnicas de sua pasta e dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e das Relações Exteriores concluíram detalhes do plano de contingência para as tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.
"O pessoal terminou aqui hoje, a área técnica", disse em entrevista a jornalistas na Fazenda, em Brasília. "A área técnica dos três ministérios envolvidos vai me apresentar amanhã os detalhes. Provavelmente semana que vem nós devemos levar para o presidente."
Questionado sobre o tom das discussões no momento, o ministro afirmou que as conversas sobre o tema estão concentradas na assessoria da Casa Branca e, portanto, há dificuldade em prever os movimentos de Washington. Contudo ele procurou mostrar otimismo na possibilidade de um acordo.
"Nós tivemos boas surpresas, em relação a outros países nos últimos dias. Então, nós podemos chegar à data (de 1º de agosto)... com algum aceno e alguma possibilidade de acordo. Mas, para haver acordo, precisa haver duas partes sentadas à mesa para chegar a uma conclusão", acrescentou.
Na terça-feira, Japão, Indonésia e Filipinas anunciaram acordos tarifários com os EUA com taxas de importação que variam entre 15% e 19%. Já a União Europeia está caminhando para um acordo comercial que resultaria em uma tarifa de 15% sobre os produtos da UE importados para os EUA, segundo dois diplomatas europeus.
CUTUCADA NOS GOVERNADORES
Haddad também aproveitou para alfinetar governadores que chegaram a criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em função das tarifas. O ministro, no entanto, reconheceu os esforços dos executivos estaduais.
"É bom notar que eles estão mudando de posição. Deixando de celebrar uma agressão estrangeira ao Brasil. Isso é importante, caírem na real e abandonarem o momento inicial que fizeram de apoio ao tarifaço contra o Brasil", disse.
O Estado de São Paulo anunciou mais cedo nesta quarta-feira R$200 milhões em crédito subsidiado para empresas paulistas afetadas pelas tarifas comerciais norte-americanas que devem entrar em vigor no começo de agosto.
O governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro de Jair Bolsonaro e é tido como um potencial candidato a presidente em 2026, anteriormente criticou o tom adotado pelo governo brasileiro em relação ao anúncio das tarifas.
Outro potencial nome na disputa presidencial do ano que vem, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), já pré-candidato, também anunciou uma linha de crédito para enfrentar o impacto do tarifaço dos EUA.
Haddad elogiou as iniciativas, mas disse que elas são um pouco restritas.
"Toda ajuda é bem-vinda, mas são movimentos um pouco restritos, que não têm um alcance", disse Haddad sobre o anúncio do governador.