RIO DE JANEIRO (Reuters) - O marqueteiro João Santana desembarcou em São Paulo nesta terça-feira de manhã vindo da República Dominicana e foi imediatamente levado de avião pela Polícia Federal para Curitiba, onde ficará preso como parte da operação Lava Jato, disse um assessor do publicitário.
Santana, que trabalhou nas duas campanhas da presidente Dilma Rousseff e na reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve mandado de prisão expedido como parte da 23ª fase da Lava Jato, deflagrada na segunda-feira, por suspeita de ter recebido pagamentos milionários ilegais no exterior provenientes do esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4) por serviços prestados para campanhas eleitorais do PT no Brasil.
"Ele chegou a Garulhos, desembarcou por volta de 9h25, e já embarcou em um jato da PF para Curitiba", disse por telefone o assessor Paulo Figueiredo. Segundo Figueiredo, a PF não informou se pretende ouvir Santana ainda nesta terça-feira. A mulher do publicitário, Mônica Moura, que também teve mandado de prisão expedido, também foi levada pela PF para o Paraná.
De acordo com a acusação do Ministério Público Federal, Santana recebeu 7,5 milhões de dólares fora do país por parte da empreiteira Odebrecht e do operador financeiro do esquema de corrupção na Petrobras Zwi Skornicki.
Segundo o MPF, há evidências de que a Odebrecht transferiu 3 milhões de dólares entre abril de 2012 e março de 2013 para conta não declarada no exterior de Santana e da mulher, enquanto Skornicki efetuou transferência no exterior de pelo menos 4,5 milhões de dólares entre setembro de 2013 e novembro de 2014 para os publicitários, que à época eram responsáveis pelo marketing de campanhas eleitorais do PT.
A prisão do marqueteiro tem potencial para complicar a situação da presidente Dilma nas ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pedem a cassação de seu mandato.
Além da prisão de Santana, a Justiça também determinou o bloqueio de contas e investimentos bancários dele, de sua esposa, de Skornicki, que foi preso na segunda, e de três empresas.
Em carta divulgada na segunda-feira para anunciar seu desligamento da campanha de reeleição de Daniel Medina à Presidência da República Dominicana após a deflagração da operação da PF, Santana disse que está sendo perseguido e é alvo de acusações infundadas.
"Conhecendo o clima de perseguição que se vive hoje em dia em meu país, não posso dizer que me tomou completamente de surpresa, mas ainda assim é difícil acreditar", escreveu o publicitário.
Também alvo de mandado de prisão expedido na 23ª etapa da Lava Jato, o diretor-presidente da construtora Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Junior, se entregou à Polícia Federal na segunda-feira, informou a empresa nesta terça-feira.
(Por Pedro Fonseca)