BRASÍLIA (Reuters) - O PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer e que conta com as maiores bancadas na Câmara e no Senado, anunciou nesta terça-feira que deixará o governo, em uma decisão que aumenta muito as chances de aprovação de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"A moção está aprovada. A partir de hoje, nessa reunião histórica para o PMDB, o PMDB se retira da base do governo da presidenta Dilma Rousseff. E ninguém no país está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do partido PMDB", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que presidiu reunião do diretório nacional do partido em Brasília.
Além do vice-presidente da República, integram o governo pelo PMDB mais seis ministros.
Em decisão tomada por aclamação, o partido decidiu ainda entregar todos os cargos no governo federal e realizar processo no conselho de ética da legenda contra os filiados que não deixarem seus postos no governo.
Na segunda-feira, o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves foi o primeiro peemedebista a deixar o ministério de Dilma ao pedir demissão do comando da pasta do Turismo.
O desembarque do PMDB da nau governista é o mais duro revés já sofrido por Dilma em seus quase cinco anos e meio na Presidência. A petista é alvo de pedido de abertura de processo de impeachment que já tramita em comissão especial na Câmara dos Deputados e enfrenta uma das piores recessões econômicas em décadas, além de baixos níveis de popularidade.
A relação da presidente com o PMDB tem sido difícil desde o seu primeiro mandato. Apesar de ser o partido do vice e o que chegou a contar com segundo maior número de ministros, atrás apenas do PT, os peemedebistas sempre expressaram ressentimento pela falta de participação no governo.
O cenário político tenso também tem sido abalado pelas investigações da operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de corrupção na Petrobras (SA:PETR4), envolvendo outras empresas, políticos e partidos.
Caso a Câmara aprove a abertura de um processo de impedimento contra a presidente e essa decisão seja confirmada pelo Senado, com a instauração do processo Dilma terá de se afastar do cargo e Temer assumirá a Presidência interinamente. Se o Senado decidir cassar o mandato da petista, o vice será efetivado no cargo.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy)