BRASÍLIA (Reuters) - O candidato ultraliberal Javier Milei se saiu melhor do que oponentes nas primárias presidenciais na Argentina ao atender apelo da população por um controle inflacionário, disse nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ponderando que a ideia de dolarizar a economia argentina é de difícil execução.
Em evento promovido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo, Campos Neto afirmou que a Argentina vive hoje um momento complexo com inflação fora de controle, argumentando que “as pessoas perderam a confiança na moeda”.
“Acho que o candidato que acabou saindo melhor realmente atendeu esse apelo das pessoas de cuidar da inflação”, disse.
Na segunda-feira, o candidato ultraliberal Javier Milei foi o mais votado nas primárias com suas propostas de dolarizar a economia e eliminar o banco central do país.
Na avaliação de Campos Neto, porém, dolarizar a economia argentina pode ser difícil diante do baixo nível das reservas internacionais do país.
“É bastante difícil o ponto inicial da dolarização porque basicamente eu vou emitir uma moeda e vou dizer ‘confie que essa moeda tem o mesmo valor que o dólar’", disse Campos Neto. "Para fazer isso e você acreditar em mim, eu tenho que ter dólar de reserva, ou não consigo fazer esse processo.”
O presidente do BC afirmou ainda que a situação de descontrole fiscal na Argentina, junto com a percepção de falta de autonomia do banco central argentino, gerou uma inflação em espiral no país. Para ele, o Brasil tem muito a aprender com a situação do país vizinho.
(Por Bernardo Caram)