O produtor musical Konrad Dantas, fundador da KondZilla, disse que o Brasil tem chances de se tornar um dos líderes do mercado musical em todas as plataformas digitais. Questionado pelo Poder Empreendedor se sua empresa investiria na internacionalização do funk, o empresário respondeu que “todo território gosta de consumir conteúdo nacional”. Para ele, o Brasil tem condições de ser a 3ª maior economia em quase todas as plataformas.
Konrad participou da Feira do Empreendedor nesta 3ª feira (17.out.2023) em São Paulo, onde fez uma palestra e relatou sua história no mundo corporativo.
A Kondzilla tem o maior canal de YouTube no Brasil e o 20º do mundo. Conta com 66,6 milhões de inscritos. A empresa também é responsável por produzir a série “Sintonia” da Netflix (NASDAQ:NFLX). A 4ª temporada ficou em 1º lugar do top 10 global de séries de língua não-inglesa da plataforma.
Da periferia de São Paulo, Konrad começou a investir em sua carreira depois que sua mãe morreu. Ele utilizou o seguro de vida deixado por ela para investir em cursos de capacitação, especialmente em audiovisual. “No enterro da minha mãe, eu e meu irmão decidimos investir em educação”, contou.
Depois de adquirir o conhecimento necessário, disse ter visto uma oportunidade no mercado: clipes de funk. No início da década de 2010, as músicas do gênero ficaram famosas, mas tinham clipes pouco produzidos.
Geralmente funcionava como uma série de imagens para ilustrar o que diziam as letras. “Os caras pegavam as imagens do Mercado Livre (NASDAQ:MELI), juntavam no Windows Movie Maker e faziam um vídeo em slide”.
No seu primeiro vídeo bem produzido, conseguiu 1 milhão de visualizações em 28 dias. No 2º, em 15 dias.
Um divisor de águas na carreira da KondZilla foi o clipe da música “Baile de Favela”, do Mc João, que atingiu 100 milhões de visualizações no ano de lançamento. Segundo Konrad, um fator barrava uma audiência ainda maior de músicas do gênero: os palavrões contidos nas letras.
A produtora experimentou tirar as palavras ofensivas e as armas de airsoft dos clipes e o YouTube entregou as produções para ainda mais pessoas. “O funk começou a tocar em casas de pessoas que não eram da periferia”, disse Konrad.
Um exemplo é a letra de “Deu onda”, do MC G15, adaptada para uma versão sem palavrões e que ultrapassou 300 milhões de views em 2017.
Atualmente o lucro da KondZilla é proveniente da monetização com o YouTube –a plataforma fica com 45% a 55% da rentabilidade e o resto vai para o dono do canal. A empresa também conta com uma equipe de projetos especiais para administrar parcerias com marcas que queiram anunciar nos vídeos.
Questionado pelo Poder Empreendedor sobre qual o objetivo da KondZilla para 2024, Konrad respondeu ser “continuar ajudando jovens de favela a se desenvolverem no entretenimento, na arte e na cultura”.
DICAS
O empresário deu orientações para empreendedores que estão começando e querem atuar, especialmente, no ramo das redes sociais:
- dividir o lucro – muitas vezes uma empresa não tem dinheiro para contratar um serviço essencial, como um advogado. Nesse caso, a solução seria chamar o profissional para ser sócio da marca.
- fazer um bom Power Point – “para você tirar a ideia do papel, 1º precisa colocar ela em um papel”. Segundo Konrad, o empreendedor precisa saber vender sua ideia a um possível comprador.
- entender a plataforma – é necessário analisar quais conteúdos são impulsionados pelas plataformas. Atualmente são vídeos curtos na vertical impulsionados pelo Tik Tok. Mas também há eixos temáticos. Exemplo: em ano de copa do mundo, conteúdos ligados ao futebol estão em alta.
MERCADO DA MÚSICA
O faturamento da indústria em 2022 foi de US$ 26,2 bilhões. A maioria (67%) desse valor vem dos serviços de streaming, como Spotify (NYSE:SPOT) e Deezer. As informações estão disponíveis no relatório de análise mundial da IFPI (sigla em inglês para Federação Internacional da Indústria Fonográfica). Eis a íntegra (em inglês, PDF – 16 MB).
No mercado global, as vendas físicas ficam em 2º lugar no ranking de participação na receita. São US$ 5 bilhões pelo segmento, que representam 17,5% do faturamento.
Outros produtos de música, como os downloads e os direitos autorais por performances também rendem cachê para as gravadoras, mas menos. A participação dos segmentos é bem menor, com 9,4% e 3,6%, respectivamente.
No Brasil, a receita das gravadoras somou R$ 1,2 bilhão no 1º semestre de 2023, informação mais recente. Praticamente todo o dinheiro (99%) vem dos serviços de streaming.