Lula veta 63 dispositivos da lei de licenciamento ambiental e envia projeto ao Congresso para modificar trechos

Publicado 08.08.2025, 12:45
Atualizado 08.08.2025, 19:50
© Reuters. Vista aérea mostra desmatamento na Amazônia, próximo a Uruará, Parán21/01/2023nREUTERS/Ueslei Marcelino

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou com vetos o projeto de lei que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental e enviou ao Congresso uma proposta que ajusta os pontos do texto que foram vetados.

"Mantivemos o que consideramos que são avanços relevantes para agilização do processo de licenciamento ambiental", disse a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

O governo também retirou da lei e irá publicar ainda nesta sexta-feira uma medida provisória, que passa a valer imediatamente, com a criação da Licença Ambiental Especial, um sistema que acelera o licenciamento para projetos avaliados como estratégicos pelo governo.

O projeto de lei, que será enviado com urgência ao Congresso, mantém mas faz alterações na Licença por Adesão e Compromisso (LAC), um dos pontos mais criticados por ambientalistas, mas restringe a sua aplicação.

O texto será mantido, mas foi retirado das possibilidades a sua aplicação em projetos considerados de médio impacto, permanecendo apenas os de baixo impacto. O texto do governo também retira da possibilidade de uso da LAC casos em que, mesmo com baixo impacto, haja necessidade de retirada de população do local.

Já no caso da Licença Ambiental Especial (LAE), que vem de uma emenda à lei, patrocinada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o texto permanece praticamente o mesmo, explicou o secretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério Souza, mas passa a valer imediatamente -- o texto original previa seis meses para sua validade.

O texto prevê que o Conselho de Governo irá determinar quais são os projetos estratégicos que terão prioridade no licenciamento. Nesses casos, o órgão ambiental terá um ano, a partir da entrega dos estudos, para autorizar ou não o projeto.

A mudança na proposta, explicou Souza, é apenas o ponto em que previa que o processo seria monofásico - ou seja, apenas uma licença para todas as etapas do processo. Agora, voltará a ser preciso licenças diferentes.

Isso porque, disse Souza, são processos diferentes a licença, por exemplo, de viabilidade e de um projeto de exploração em si. "Fazer tudo de uma só vez sairia muito caro e muitas vezes desnecessário, segundo nos explicaram empreendedores", disse.

À noite, em publicação no X, Lula disse que os vetos "asseguram que o licenciamento seja um instrumento de desenvolvimento com responsabilidade, mantendo critérios técnicos sólidos e o respeito à nossa Constituição".

O presidente também fez um aceno ao Congresso, dizendo esperar um trabalho conjunto.

"Queremos, junto aos parlamentares, consolidar um marco legal capaz de impulsionar o crescimento de forma sustentável, preservar nossas riquezas e promover justiça social."

Do total de quase 400 pontos da lei ambiental aprovada em julho pelo Congresso, o governo vetou integralmente 26, sem propostas alternativas. Outros 27 foram vetados, mas terão texto alternativo apresentado no novo PL. Outros 10 não foram vetados, mas serão modificados também no PL.

Chamado por ambientalistas de "PL da Devastação", o projeto aprovado pelo Congresso enfraquecia consideravelmente os controles ambientais nos processos de licenciamento, dando mais poder aos Estados e municípios para que dessem as licenças.

A proposta do governo mantém alguns poderes para os governos estaduais, mas coloca que os processos locais terão que seguir os parâmetros federais. "A Constituição determina que o governo federal define os parâmetros", explicou Souza. "Diferenças entre os Estados poderia gerar uma guerra para atrair empreendimentos que levaria a uma insegurança jurídica."

O projeto e a MP ainda terão que ser aprovados pelo Congresso, e o governo ainda corre o risco de ter seus vetos derrubados pelo Congresso. No entanto, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, já começou a conversar com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado para tentar evitar mudanças drásticas novamente no texto.

"A derrubada dos vetos pode acontecer, mas trabalhamos para que isso não aconteça. Até porque isso pode levar a um processo de judicialização", disse Gustavo Ponce de Leon, secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais. "Nós reconhecemos o avanço trazido pelo Congresso e fizemos ajustes."

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.