Para prender no 8 de Janeiro, Moraes usou posts antigos de redes sociais

Publicado 05.08.2025, 06:40
© Reuters.  Para prender no 8 de Janeiro, Moraes usou posts antigos de redes sociais

O gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), teria vasculhado as redes sociais de presos do 8 de Janeiro e usado posts compartilhados por elas, às vezes anos antes dos ataques às sedes dos Três Poderes, para decidir se deveriam continuar presas ou ser liberadas, segundo uma reportagem produzida pelos jornalistas David Agape e Eli Vieira e publicada no Public, site de Michael Shellenberger, autor do Twitter Files Brazil.

De acordo com o texto divulgado em 4 de agosto de 2025, Agape e Vieira procuraram o STF, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a PGR (Procuradoria Geral da República), o Exército, Moraes e pessoas citadas em prints de grupos de WhatsApp para pedir uma manifestação sobre o caso. Eles publicaram que nenhum dos lados procurados respondeu.

A reportagem afirma que integrantes do gabinete de Moraes usaram os posts das redes sociais para determinar se um preso tinha “certidão positiva” ou “certidão negativa”. O termo “positiva” seria entendido como “perfil suspeito”. Os jornalistas dizem que dos registrados analisados, 42 pessoas receberam certidões “positivas”, e 277, “negativas”. Eles afirmam também que nenhum preso com uma certidão “positiva” foi liberada.

Segundo Agape e Vieira, foi possível confirmar a autenticidade de 69 certidões. Eles informaram, no entanto, que não vão divulgar as íntegras por “conterem dados pessoais confidenciais dos investigados”.

Não é possível verificar de forma independente a autenticidade das certidões e das conversas de WhatsApp. Em casos assim, também é comum um veículo de mídia divulgar as íntegras com tarjas em cima dos dados sensíveis –o que não foi feito.

O texto diz também que o gabinete de Moraes utilizou o sistema de biometria do TSE com dados de eleitores de todo o Brasil para identificar manifestantes em fotos dos atos do 8 de Janeiro. A autorização teria sido emitida por Moraes, à época presidente da Corte.

Procurado pela reportagem, o TSE não se manifestou.

Agape e Vieira citam em seu texto alguns casos de presos do 8 de Janeiro que receberam uma certidão “positiva” e quais posts foram identificados em seus perfis nas redes sociais.

Leia o que foi publicado na reportagem:

Reprodução Certidão teria sido classificada como “positiva” a partir de mensagens de 2018 com críticas contra Dilma e Lula

Reprodução Perfil de preso no 8 de Janeiro teria sido considerado suspeito porque ele questionou os resultados das eleições de 2022

Reprodução Em outro caso, certidão de homem teria sido considerada “positiva” por causa de uma publicação em seu perfil no Instagram em que a imagem diz que “cumprir a Constituição não é golpe”

CONVERSAS DE WHATSAPP

A reportagem também mostra o que seriam reproduções de conversas de um grupo no WhatsApp chamado “Audiências de Custódia”. Não é possível verificar a autenticidade das mensagens.

Nas mensagens, a chefe do gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kusahara Gomes, fala com Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do magistrado no TSE e investigado no STF. Ela diz que o ministro não quer soltar os presos sem antes ver se tem algo em seus perfis nas redes sociais e que pediu também para checar se eles “não participaram de grupos de zap ou Telegram pelo golpe”.

Em outro momento, Cristina pede celeridade a Tagliaferro: “Eu preciso dessa análise, feita com cautela, mas não no ritmo de vocês aí do TSE… Desculpe a expressão… O pessoal aí está mal acostumado”.

Ela diz não haver espaço para “desculpa” com Moraes.

O Poder360 o STF por meio de sua assessoria de imprensa para perguntar se a Corte tomou conhecimento do material divulgado e se gostaria de se manifestar. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

Leia mais em Poder360

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.