A Rússia decidiu cortar 30% das suas exportações de diesel e óleo cru na 5ª feira (21.set.2023). Segundo o governo russo, essa limitação tem como objetivo abastecer o mercado doméstico frente à paralisação para manutenção de algumas refinarias. Além da restrição, o país estuda aplicar uma taxa de US$ 250 por tonelada de derivados de petróleo no período de 1º de outubro de 2023 a julho de 2024. A informação é da agência de notícias Reuters.
Essa decisão ligou o alerta no setor energético brasileiro. Isso porque a Rússia é o maior fornecedor externo de diesel para o Brasil. Diante desse cenário, o banco Goldman Sachs (NYSE:GS) divulgou um relatório sobre os impactos que esse corte pode provocar no mercado brasileiro. O documento informa que a Petrobras (BVMF:PETR4) será pressionada a aumentar o preço do diesel. Eis a íntegra do relatório (PDF – 249 KB, em inglês).
O relatório assinado pelos analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa explica que 25% da demanda de diesel no Brasil é atendida por importação. Em agosto, 75% desse montante foi preenchido pelo combustível russo.
O diesel da Rússia atingiu esse patamar elevado nas importações brasileiras porque as sanções impostas pelos países europeus à Moscou, em razão da guerra com a Ucrânia, forçou a Rússia a negociar seus derivados de petróleo a um preço abaixo do mercado. A partir dessa restrição, os importadores brasileiros terão que buscar novos mercados para comprar o diesel, dessa vez a um preço mais elevado.
Contudo, o 1º movimento das distribuidoras que importavam esse combustível deve ser pressionar a Petrobras a ofertar uma maior quantidade de diesel a elas diante da falta de perspectiva em continuar a comprar dos russos. A estatal não vai conseguir atender a toda essa nova demanda e será pressionada a aumentar o preço do combustível para evitar desabastecimento.
Ao Poder360, o especialista em combustíveis da Argus, Amance Boutin, fez uma leitura similar. Segundo ele a Petrobras já pratica o preço do diesel abaixo das importações russas e isso torna a estatal a 1ª opção das empresas para recompor seus estoques de diesel, mesmo sendo incapaz de atender a toda a demanda.
“Vai ter um movimento das distribuidoras em direção à Petrobras para tentar aumentar já em outubro o volume que a Petrobras vai entregar para eles, mas isso não é garantido”, disse. “Você tinha uma distribuidora que comprava o diesel russo mais barato e tinha uma programação de chegada, mas que você já não tem mais essa perspectiva, ela vai ter que pedir para a Petrobras aumentar seu volume”, declarou Boutin.