Investing.com – Diante de um cenário de incertezas e volatilidade, os investidores acompanham de perto os fatores que influenciam o comportamento do mercado, como os balanços corporativos, os indicadores econômicos e as falas dos líderes dos bancos centrais.
Chris Iggo, diretor de investimentos da gestora de fundos AXA (EPA:AXAF) Investment Managers e presidente do AXA IM Investment Institute, alerta para "momentos de frustração nos próximos meses" nos mercados, pois, segundo ele, "a mensagem implícita dos bancos centrais [aos mercados] é que devem esperar, pois são necessárias mais evidências de uma desaceleração do crescimento".
Nesse contexto, o especialista da AXA IM manifesta sua baixa preferência pela dívida pública, da qual diz "não ser algo que mereça muita atenção", mas vê potencial em ativos de maior risco, especialmente em títulos de renda fixa com classificação de crédito baixa (high yield) e em ações do setor de tecnologia. Assim, Chris Iggo define os três temas principais de investimento nos quais se foca para 2024.
Estes são os três pontos, de acordo com Iggo, a considerar para investir este ano:
- O primeiro é o de juros estáveis ou em queda nos EUA e na Europa, e os bancos centrais acabarão por adotar medidas de estímulo em resposta ao desembarque suave da economia global.
- O segundo são as maiores oportunidades de renda em renda fixa, já que os mercados de high yield continuam a oferecer retornos ajustados ao risco superiores em um cenário em que os calotes permanecem em níveis muito controláveis.
- O terceiro é que a tecnologia continua sendo um motor de lucratividade em ações.
"Não há provas convincentes para reduzir os juros no curto prazo. Ainda estamos no topo do platô e o meio do ano parece o momento mais provável para o primeiro corte de juros", afirma Iggo.
De acordo com este especialista, "apostar em cortes de juros acima do que já está precificado não parece um bom negócio agora. Isso também significa que não posso me animar muito com os títulos públicos, exceto do ponto de vista de carry and roll down (há muitos títulos governamentais negociando a preços muito abaixo da média devido ao que aconteceu em 2022 e 2023, que aumentarão gradualmente de preço). Como meus colegas de renda fixa, costumo repetir o mantra de que os yields não necessariamente correspondem a retornos, especialmente em horizontes relativamente curtos".
"Mas hoje, na maioria dos mercados de dívida pública desenvolvidos, provavelmente sim. Para matizar isso, quando os juros forem cortados, as curvas de rendimento do governo se tornarão mais inclinadas, para que haja ganhos de capital na parte curta e média da curva. No entanto, não é algo que deva empolgar muito. Mas é improvável que os rendimentos de referência de 10 anos se afastem muito dos níveis atuais", acrescenta.
Maior apetite pelo risco
"Tenho viajado para ver investidores na Europa nas últimas duas semanas. Começo a sentir que há mais otimismo em relação à tomada de riscos. Muitos investidores parecem compartilhar minha visão positiva sobre crédito e high yield, embora as perspectivas para as ações sejam menos claras. Há um consenso geral de que os juros atingiram o pico e que os mercados de renda fixa oferecem a perspectiva de maiores rendas, impulsionadas pelos yields, sem um risco evidente que faça subir os spreads de crédito", afirma Iggo.