Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante brasileira de pás para energia eólica Aeris (SA:AERI3) pretende entrar no mercado de fornecimento de equipamentos para usinas offshore (no mar) dos Estados Unidos nos próximos anos, disse à Reuters nesta quinta-feira o diretor de Planejamento e Relações com Investidores da companhia, Bruno Lolli.
O interesse da Aeris, que atualmente produz no Ceará apenas pás para usinas onshore, em terra, ocorre em meio a planos ambiciosos do presidente norte-americano Joe Biden para a tecnologia, que preveem a construção de 30 gigawatts em eólicas offshore até 2030.
A meta dos EUA representa mais que toda a capacidade instalada eólica do Brasil (18 gigawatts), que ainda não possui empreendimentos marítimos da fonte.
"A gente sabe que as vendas para o offshore estão aquecidas, principalmente no mercado americano, na costa do Atlântico, então vamos de fato começar a ter negociações e discussões para começar a produzir para offshore", disse Lolli.
"O mercado offshore nos EUA é um mercado super importante e a gente vai participar desse mercado."
As ações da empresa, que operavam em baixa no início dos negócios, dispararam após reportagem da Reuters para quase 9 reais. Por volta das 12h, subiam 2,5%, para 8,80 reais.
Segundo ele, as primeiras conversas com potenciais clientes devem começar ainda neste ano, com a efetiva entrada no setor prevista mais provavelmente para 2023 ou 2024, quando o segmento passará a exigir um maior volume de entregas, potencialmente forçando empresas produtoras de turbinas que hoje fazem suas próprias pás a terceirizar parte da produção.
Atualmente, a Aeris produz pás com até 80 metros de comprimento em suas instalações fabris em Pecém, enquanto as turbinas eólicas offshore lançadas mais recentemente possuem de 110 a 115 metros de extensão.
Mas Lolli afirmou que a empresa já tem se preparado para equipamentos maiores, mirando tanto novas gerações de turbinas em terra quanto futuros parques marítimos.
"O método de construção, os materiais, os fornecedores, requisitos, são os mesmos. O que offshore tem de diferente é o tamanho", explicou.
"Hoje, todas expansões que estamos fazendo já nos permitem pás de até 120 metros. Já temos um prédio alto, largo, capacidade de pontes rolantes, piso, tudo projetado para pás maiores, então de fato somos capazes."
NOVIDADES PRÓXIMAS
O diretor disse ainda que a Aeris está perto de fechar novos acordos envolvendo fornecimento de pás eólicas, após um grande acordo recente com a Siemens Gamesa, no valor de 3 bilhões de reais.
"Já temos algumas negociações em andamento, então é provável que ao longo do ano a gente tenha novos anúncios relacionados à variação positiva na carteira de pedidos."
Ele não quis fornecer mais informações, mas disse que as conversas são com clientes globais já atendidos pela companhia.
Lolli ainda disse que uma expansão que a Aeris tem promovido em suas instalações para atender o contrato com a Siemens Gamesa já foca também novos negócios.
O executivo não detalhou os aportes previstos na expansão. Em balanço na quarta-feira, a companhia informou investimentos de 175,6 milhões de reais no primeiro trimestre, destinados majoritariamente à ampliação da capacidade produtiva.
"Estamos preparando esse 'site' novo, que estamos chamando internamente de Pecém 3, para expansões adicionais se a gente assinar novos contratos relevantes. Então parte do capital que estamos alocando agora já é preparação para mais um passo de crescimento que a gente deve dar."
Ele afirmou que esses preparativos incluíram a compra de terrenos para aumentar a área ocupada pela empresa de 320 mil metros quadrados para mais de 1 milhão de m².