Alta dos mercados internacionais de ações estimula nova valorização do Ibovespa, que fechou com ganho ontem pelo quarto pregão seguido. Os índices futuros de ações norte-americanos testam valorização, após a gangorra mais cedo, enquanto o petróleo tem instabilidade, com viés negativo. Isso gera viés de baixa em algumas ações ligadas ao setor petrolífero. A ausência de evolução em acordos de um cessar-fogo na Ucrânia e temores de redução de oferta de matérias-primas devem provocar instabilidade nos mercados. Além disso, o minério de ferro caiu na China.
"As bolsas europeias e os futuros em Wall Street apontam para altas comedidas nesta manhã, após uma segunda-feira marcada por perdas. Persiste um quadro de elevada volatilidade, com os agentes apreensivos com a falta de avanços nas negociações entre Rússia e Ucrânia e de olho nas perspectivas para a política monetária norte-americana", avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Além disso, internamente, crescentes especulações sobre saída do presidente da Petrobras (SA:PETR4), Joaquim Silva e Luna, tendem a incomodar, dados os sinais de ingerência política na empresa, após a companhia reajustar os preços dos combustíveis. Ao mesmo tempo, novas medidas de estímulo pelo governo brasileiro podem gerar algum alívio em ações de consumo. Porém, o impacto tende a ser limitado, em meio ao aumento de preocupações fiscais.
"Como o temor de inflação é tão alto, o governo cortou imposto e isso ameniza o setor, tende a ajudar a conter pressões inflacionárias", avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Lá fora, a reação vem da sinalização do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, ontem, de que pode apertar a política monetária de forma mais agressiva.
Essa indicação estimula ações de bancos no exterior, o que também pode respinga nos papéis do segmento na Bolsa brasileira, onde investidores ainda avaliam a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que reforçou novo aumento da Selic. Os papéis do segmento subiam perto de 2% em sua maioria.
Para Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB investimentos, o documento "foi mais dovish do que o comunicado". "Dá mais sinais de que o Banco Central BC pretende encerrar o ciclo de alta com o juro em 12,75%", avalia. "12,75% é a Selic terminal que eles imaginam hoje". Na semana passada, o Copom subiu o juro básico de 10,75% para 11,75% ao ano.
Ainda no Brasil, o mercado avalia a zeragem de tributos de importação, até o fim de 2022, do etanol e de alguns itens da cesta básica. Para Cruz, da RB, as medidas podem aliviar algumas pressões que setores varejistas têm sofrido, com repasse de combustíveis. Porém, não deve reverter tudo o que fora repassado, pondera.
Às 10h44, o Ibovespa subia 1,02%, aos 117.336,98 pontos, após máxima diária aos 117.540,64 pontos (alta de 1,19%). Vale (SA:VALE3) cedia 1,36%; Petrobras perdia 0,35% (PN) e -0,82% (ON). Locaweb (SA:LWSA3) suvia 5,89% e Lojas Renner (SA:LREN3), 4,24%, no caso de segmentos ligados ao consumo.