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Ambev pode rever capacidade de produção em SP se ICMS sobre cerveja subir

Publicado 30.10.2015, 19:47
© Reuters.  Ambev pode rever capacidade de produção em SP se ICMS sobre cerveja subir
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SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante de bebidas Ambev (SA:ABEV3) fará uma reavaliação de suas capacidades de produção no Estado de São Paulo se o governo estadual elevar alíquotas de ICMS sobre cervejas, afirmou o vice-presidente financeiro da companhia, Nelson Jamel, a jornalistas nesta sexta-feira.

"Já estamos passando por um momento extremamente desafiador, com aumento de uma série de custos... Se isso for aprovado, certamente vai ter impacto nos preços e nos volumes de vendas. Dependendo do impacto nos volumes, poderíamos sim chegar ao limite de fechamento de fábricas", disse o executivo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), encaminhou à Assembleia Legislativa do Estado nesta semana pacote de medidas que inclui aumento do ICMS de cigarro e cerveja. No caso da cerveja, a alíquota proposta é de 23 por cento ante nível atual de 18 por cento.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), se aprovada, a elevação do ICMS sobre cerveja poderá resultar na demissão de 450 mil pessoas e fechamento de 85 mil estabelecimentos no Estado.

Jamel não pode confirmar os números, mas afirmou que a cerveja é "extremamente sensível a aumentos de preços acima da inflação". O executivo disse que o aumento do tributo também trará impacto na cadeia de distribuição de bebidas. "O impacto é no setor inteiro."

O governo do Estado afirmou em comunicado enviado à Reuters que a manifestação da Abrasel está "totalmente equivocada" porque o governo "apenas equiparou a alíquota de ICMS da cerveja à alíquota de praticamente todos os outros Estados brasileiros, onde, aliás, nunca houve a onda de demissões alardeada pela entidade".

Segundo o governo paulista, em conjunto com o aumento da alíquota da cerveja, o projeto de lei enviado esta semana à assembleia do Estado prevê elevação do ICMS sobre cigarro de 25 para 30 por cento, mas também prevê queda de 18 para 12 por cento na alíquota de medicamentos genéricos, reduz carga tributária sobre areia e zera o imposto sobre arroz e feijão. A expectativa é que as novas alíquotas passem a valer a partir de 2016.

Jamel afirmou que por enquanto a Ambev está mantendo projeção de investimentos em 2015 em linha com os 3,1 bilhões de reais aplicados em 2014 no Brasil e que entre os focos da companhia estão embalagens retornáveis, que são mais acessíveis aos consumidores.

A Ambev divulgou mais cedo que teve lucro líquido no terceiro trimestre de cerca de 3 bilhões de reais, alta de cerca de 6 por cento sobre um ano antes. As receitas no Brasil subiram 10,5 por cento, abaixo da média da América do Sul de 28 por cento.

As ações da companhia encerraram em queda de 0,3 por cento, a 18,94 reais, enquanto o Ibovespa mostrou valorização de 0,2 por cento.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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