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Apesar de eleições, mercado está mais preocupado com cenário internacional

Publicado 30.09.2022, 17:23
© Reuters
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Por Ana Beatriz Bartolo

Investing.com - O primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil acontece neste domingo, 2, após semanas de expectativas que mexem com o humor do mercado financeiro. Especialistas indicam que à volatilidade esperada para o período, se somou ao cenário internacional adverso, levando o dólar e o Ibovespa a ficarem pressionados.

O analista de investimentos da Levante Flávio Conte afirma que, apesar das eleições, boa parte do desempenho negativo da bolsa no período eleitoral está majoritariamente relacionado com o cenário internacional desfavorável, com os juros e dólar mais forte e o fantasma da recessão rondando as principais economias do mundo. O Ibovespa recuou 2,64% ente o início oficial da campanha, em agosto e o pregão da última sexta-feira.

“O cenário externo pesa muito mais do que as eleições nacionais porque, desde a década de 1990, nós estamos muito ligados ao mercado internacional, e quem faz o Ibovespa subir ou cair é o dinheiro do investidor estrangeiro que, primeiramente, vai olhar para o seu próprio país antes de pensar em uma economia emergente”, diz Conte.

Essa visão também é compartilhada por Alison Correia, fundador e CEO da Top Gain. “O cenário de estresse maior no caso de bolsa e dólar está relacionado com declarações de dirigentes de bancos centrais sobre inflação. É a preocupação sobre uma possível recessão global”, comenta Correia. 

Conte não considera que a disputa presidencial também esteja afetando os investidores brasileiros, mas o especialista pondera que o impacto deve ser sentido de forma setorial, e não diretamente no Ibovespa. 

Pedro Henrique Ricco, CEO da Delta Investor acredita que as eleições estão afetando o humor dos investidores nacionais devido às preocupações que as eleições causam na área econômica. O analista aposta que uma eventual vitória de Lula no primeiro turno pode deixar o mercado “agitado” no começo da próxima semana.

“Caso Lula realmente ganhe, para trazer menos inquietude em um primeiro momento, seria interessante anunciar os nomes das equipes. Muitas vezes, profissionais renomados ou amigáveis em relação ao mercado, principalmente na equipe econômica, acabam trazendo um pouco menos de desconfiança”, explica Ricco.

Nomes bem vistos pelo mercado também seriam benéficos para Bolsonaro, caso o presidente consiga virar o jogo, e nesse sentido, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, é um trunfo na campanha bolsonarista. “Toda a equipe econômica de Guedes caminha no sentido de frear custos e respeitar o teto de gastos”, considera Ricco.

Possíveis cenários

Para avaliar a influência do pleito setorialmente Conte indica que alguns são praticamente indiferentes ao governo. Por exemplo, Papel e Celulose, Mineração e Siderurgia dependem muito do que acontece no cenário internacional, principalmente na China, Estados Unidos e Europa. Isso quer dizer que uma possível troca de presidência não deve afetar com força empresas que atuam nessas áreas, segundo o especialista.

“Agora, os setores de Educação e Construção de baixa renda tiveram algum movimento recente, pois podem se beneficiar com um eventual novo governo Lula, já que o petista deve voltar a financiar programas deixados de lado pelo governo Bolsonaro, como Fies, ProUni e o agora Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida)”, exemplifica. 

Há setores na bolsa que podem ser beneficiados por efeitos secundários de programas como o Auxílio Brasil. Caso o valor da bolsa seja mantido em R$ 600, o que Conte acredita que deve acontecer em ambos os governos. O programa tende a favorecer empresas de alimentos e supermercados em um primeiro momento e, depois, pode ajudar os setores de vestuário, eletrodomésticos e celulares.

Já em um eventual segundo governo Bolsonaro, Rico, da Delta, acredita que seja possível uma manutenção dos preços atuais. “O mercado deve preservar os números atuais, até subir um pouco, mas não vejo isso entrando como uma tendência, a não ser exista um cenário muito mais confortável e tranquilo no mercado internacional, principalmente para commodities, como minério e petróleo”, comenta Ricco.

 

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