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Apesar de exterior, Ibovespa cai de olho em cena política, petróleo e IPCA-15

Publicado 23.07.2021, 08:21
Apesar de exterior, Ibovespa cai de olho em cena política, petróleo e IPCA-15
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Apesar da calmaria externa, o Ibovespa tem movimentos claudicantes e com viés negativo na manhã desta sexta-feira, 23. O índice tem dificuldade em defender os 126 mil pontos, mesmo com sinais promissores de retomada econômica no exterior, após indicadores informados na Europa, apesar dos temores relacionados à variante delta do coronavírus. Já nos EUA, o chamado PMI Composto, que agrega os setores da indústria e de serviços, caiu a 59,7 em julho (preliminar).

Com este comportamento, o Ibovespa já registra perda na semana. Às 10h51, o recuo semanal era de 0,13%, com o índice cedendo 0,27% nesta sexta-feira, aos 125.755,94 pontos, após máxima aos 126.203,87 pontos.

Ontem, recorda Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo, foi um dia "ilustrativo", diz, ao referir-se ao sobe e desce do índice ao longo do dia, mas que, no final, conseguiu fechar em alta. "O Ibovespa estava reticente com a alta externa. Resultados como os do Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34) maior alta em sua receita desde 2014 criam boas perspectivas para outras empresas, como Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34). Isso cria um certo otimismo, mas aqui parece que tem um freio, e o Ibovespa não anda por conta de preocupações políticas", diz.

No campo inflacionário, os preços seguem elevados no Brasil, conforme retratado no IPCA-15 de julho, enquanto a instabilidade nas cotações do petróleo no exterior pode limitar ou até mesmo impedir alta nas ações da Petrobras (SA:PETR4), após dados de produção do segundo trimestre.

"O tom parece um pouco mais ameno lá fora, o que ainda pode influenciar os negócios no Brasil. A agenda econômica está um pouco mais vazia", diz André Chede, planejador financeiro CFP pela Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Ele pondera, contudo, que o que tem movimentado o mercado ultimamente é o político, com dúvidas sobre o fundo eleitoral e reforma tributária.

Na opinião de Chede, a grande questão é se os ruídos políticos vão atrasar o andamento da agenda de reformas do País. "Ontem, a Bolsa teve um dia volátil e acabou fechando no positivo alta de 0,17%, aos 126.146,66 pontos", recorda.

A despeito da cautela com as questões políticas internas, a greve dos caminhoneiros esperada para o domingo tende a ter adesão baixa, avalia Cássio Bambirra, sócio da One Investimentos, escritório plugado ao BTG Pactual. Por isso, acredita que o mercado pode ignorar o evento, devendo acompanhar mais os sinais positivos do exterior.

Além disso, acrescenta Bambirra, a afirmação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, de que haverá eleição em 2022, após o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, ameaçar a realização do pleito no ano que vem, também traz certo alívio. "Isso é extremamente importante, dá segurança política", diz, completando ainda a expectativa de flexibilização das medidas contra o coronavírus em São Paulo hoje pelo governo local.

Além da instabilidade do petróleo no exterior, o recuo de 0,64% do minério de ferro pode pesar na Bolsa hoje, assim como a inflação mais salgada em 12 meses medida pelo IPCA-15. As ações da Vale ON (SA:VALE3) cediam 0,95%, enquanto as ações da Petrobras tinham sinais mistos, após leve alta em sua produção no segundo trimestre. PN subia 0,11% e ON (SA:PETR3) cedia 0,83%.

Mesmo com a desaceleração na margem, os riscos inflacionários seguem altistas, estima a equipe de Macro Research do BTG Pactual (SA:BPAC11) digital. Essa expectativa reflete ainda, conforme a nota, o descasamento entre a oferta e demanda das cadeias de produção pressionando a inflação de bens industriais. Outros riscos, acrescentam, são o cenário hidrológico desfavorável, a retomada da atividade econômica no segundo semestre e o clima adverso pressionando os preços de alimentos in natura.

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