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Após atraso na soja, SLC planta menos algodão que o esperado e vê risco ao milho tardio

Publicado 09.03.2023, 13:28
Atualizado 09.03.2023, 13:31
© Reuters. Lavoura de soja
9/3/2023
REUTERS/Paulo Whitaker
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A SLC Agrícola (BVMF:SLCE3), uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, plantou menos algodão do que o esperado em 2022/23 após um atraso na colheita de soja em Mato Grosso por questões climáticas, migrando parte das áreas para o milho, cultura essa que está mais sujeita a riscos nas regiões com plantio tardio, disse o presidente da companhia, Aurélio Pavinato.

Em teleconferência nesta quinta-feira para comentar os resultados trimestrais, o executivo comentou que a SLC, uma potência do setor, não passou ilesa aos impactos do atraso na soja para a realização de uma segunda safra na melhor janela climática, algo que tem afetado o setor de forma geral.

"A soja alongou o ciclo e a colheita acabou não sendo cedo, foi normal em Mato Grosso, e com excesso de chuvas atrasou mais um pouquinho. Isso levou a mudança de uma parte da área de algodão, algo em torno de 10 mil hectares, para milho, em Mato Grosso e um pouco no Maranhão", disse Pavinato.

Com isso, a SLC deverá plantar ao todo 162,2 mil hectares de algodão, sendo 76,3 mil na segunda safra, enquanto a expectativa inicial era de 87,2 mil hectares na "safrinha". Na temporada passada, a pluma ocupou ao todo cerca de 177 mil hectares da SLC.

Em meio ao atraso, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu nesta quinta-feira sua projeção para a safra de algodão do Brasil.

O executivo disse que a empresa considerou também em sua decisão o fato de o algodão ter tido um ajuste para baixo nos preços.

"Fazemos conta de margem de contribuição do plantio daquela semana... e decidimos mudar 10 mil hectares de algodão para milho", ressaltou.

Pavinato lembrou que o clima se normalizou no início de fevereiro, e todo o milho foi plantado em Mato Grosso no mês passado, "em época muito boa".

Ele ponderou que em terras de Mato Grosso do Sul houve muita chuva, "e acabou entrando o plantio para março", algo que também aconteceu no Maranhão.

Quanto mais tardio o plantio da segunda safra de milho, maiores os riscos climáticos, algo que ele vê mais ao Sul do que no Maranhão.

"Se o clima for normal, atinge o projeto de produtividade do algodão segunda safra, e pode até ultrapassar. Se for seco em abril, a cultura que mais vai sofrer é o milho segunda safra que teve plantio no início de março."

Ele lembrou que os modelos climáticos apontam chuvas mais consistentes no Maranhão, enquanto mais ao sul deverá ter menos umidade. "Este é o modelo atual, mas os modelos têm acertado muito pouco."

A SLC informou ainda, juntamente com os resultados trimestrais, que antecipou a compra de insumos e já adquiriu cerca de 50% dos adubos necessários para a próxima safra, que se inicia em setembro, na tentativa de chegar à 2023/24 com custos de produção menores que os do ciclo atual.

Em entrevista à Reuters na quarta-feira, Pavinato, disse que a empresa tem aproveitado os bons momentos do mercado para adquirir insumos.

A SLC registrou lucro líquido de 132,4 milhões de reais no quarto trimestre de 2022, queda de 31,4% ante igual período do ano anterior, mas alcançou um recorde no lucro anual de 1,34 bilhão de reais, conforme balanço divulgado na quarta-feira.

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